sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

“NÓS ESTAMOS DO LADO DE ISRAEL”



Ontem (23.01.2020) comemorou-se em Israel a libertação do campo de extermínio de Auschwitz, há 75 anos.

No evento estiveram entre muitos outras personalidades internacionais, o presidente russo, o presidente francês o Vice-presidente dos USA, e o presidente alemão.

O discurso do presidente alemão Frank-Walter Steinmeier em Israel pode considerar-se um discurso histórico.

Corajoso reafirmou: "a nossa responsabilidade alemã não passa"… “Esta Alemanha só fará justiça a si mesma se estiver à altura da sua responsabilidade histórica”. E especificou: "Nós combatemos o antissemitismo! Nós desafiamos o veneno do nacionalismo! Nós protegemos a vida judaica! Nós estamos do lado de Israel (Também poderia ser traduzido “Nós estamos ao lado de Israel)! Eu renovo esta promessa aqui no Yad Vashem perante os olhos do mundo.”

Este discurso foi acolhido com muito aplauso pela imprensa alemã.

Yad Vashem ( “monumento e nome” ) em Jerusalém é o memorial e museu mais importante para as vítimas judaicas dos nazistas.

António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5790

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

sábado, 18 de janeiro de 2020

Na Nigéria uma menina custa 750€ e um menino 1.245€

TRÁFICO DE PESSOAS – ESCRAVIDÃO MODERNA


Embora a escravidão tenha sido legalmente abolida, há redes criminosas que raptam mulheres e adolescentes recorrendo também a outras formas de coerção, sequestro, fraude e engano. Muitas menores são raptadas e obrigadas a sexo até ficarem grávidas.

Muitas delas são levadas para fábricas de bebés onde o comércio de bebés floresce nas sombras da lei.

A Organização das Aldeias de Crianças SOS chama a atenção da necessidade de implementar processo criminal contra traficantes de seres humanos que são mediadores de crianças para o mundo inteiro, especialmente para os sem filhos. No dizer da Organização, a maior parte das fábricas de bebés encontram-se no sul da Nigéria. O problema já é antigo; em 2006 foram libertadas 300 mulheres dessas fábricas.
 
Há muitos casos de adoções ilegais, mas também os há de escravidão infantil, abuso sexual e tráfico de órgãos.

O chefe da polícia de Lagos afirmou que meninos custam 1.245€ (500.000 Naira) e meninas um pouco mais de metade (Cfr. HNA, 18.01.2020).

O comércio com bebés também se dá no Gana, Chade, Libéria, Egipto, Etiópia, Serra Leoa, Uganda, África do Sul.

A burocracia para a adoção de crianças é muito complicada, o que facilita o negócio dos traficantes de crianças.

O tráfico com crianças e da escravidão de pessoas atinge dimensões orbitantes.  Também na Europa há muitos casos de escravidão, especialmente na prostituição. 

Segundo estimativas das organizações da ONU, atualmente, no mundo, há cerca de doze milhões de pessoas em situação de escravatura. Metade delas são crianças e adolescentes. O tráfico de menores é, depois do comércio de armas e drogas, o mais lucrativo.

António da Cunha Duarte Justo

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

BENTO XVI DISTANCIA-SE DO LIVRO SOBRE O CELIBATO




O Papa emérito distancia-se de co-autor do controverso livro sobre a proibição do casamento para sacerdotes publicado pelo Cardeal Robert Sarah na França.

Por instruções de Bento XVI, através do seu secretário, foi pedido ao Cardeal Sarah que "peça à editora que retire o nome de Bento XVI da encadernação" e o mesmo se aplica à assinatura de Bento XVI na introdução e nas palavras de conclusão.

Bento XVI não tinha concordado em ser co-autor do livro, nem tinha sido informado sobre o seu formato.

Bento XVI sabe que não se pode intrometer publicamente em assuntos do seu sucessor!

O cardeal Sarah certamente queria prestar um serviço aos ultra-conservadores e no seu zelo não observou certamente todas as regras.

António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5780

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

CONSERVADORES ABUSAM DE BENTO XVI CONTRA O PAPA FRANCISCO NA CONTROVÉRSIA SOBRE O CELIBATO

 “Do profundo do nosso Coração” - Igreja contra ela mesma?

António Justo
Com a publicação de um livro de 144 páginas e com o título “Do profundo do nosso Coração” ("Des profondeurs de nos cœurs") em defesa do celibato, ultraconservadores do Vaticano tentam manipular em seu favor escritos do emérito papa Bento XVI. O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino, advoga a coautoria do livro dele e de Bento XVI.

O livro coloca o Papa Francisco em situação difícil. De facto, Francisco estava a preparar uma Exortação sobre o Sínodo da Amazónia onde deveria tomar posição, em breve, sobre o celibato e provável abertura do clero para mulheres a nível regional.
 
O livro declara-se expressamente contra posições do Sínodo para a Amazónia, onde se previa o sacerdócio para pessoas casadas. Concretamente, questiona a resolução 72 aprovada pelos padres sinodais do sínodo da Amazónia. De facto, o sínodo da Amazónia não acabou com o celibato, mas abriu uma brecha para familiarizar a ideia e com o tempo concretizá-la.

Segundo o livro, o sacerdócio celibatário pretende libertar o sacerdote do ciclo matrimonial e da sujeição aos bens terrenos (posse) para não estar sujeito ao “fluxo do tempo”.

É altamente questionável que Bento XVI tenha querido uma autoria comparticipada.  Colaboradores de Bento XVI dizem que “Bento está completamente alheio a esta operação e mediática evidente”. Também vários jornalistas do Vaticano de renome negam o envolvimento do ex-pontífice na publicação do livro e dizem que Bento "não tinha visto ou aprovado a primeira página ou o facto de ter sido publicado um livro a quatro mãos “. Trata-se mais de uma "operação mediática" com "manipulações mediáticas" em curso, das quais Bento se dissociou (1). O cardeal Sahra apresentou como prova da cooperação três cartas com o cabeçalho e a assinatura de Bento XVI. Mas não há neles qualquer menção de cooperação num livro.

Uma pessoa íntegra como Bento XVI nunca poderia tomar tal atitude que constituiria um perigo para a unidade da Igreja. De facto, nestas questões quem teria uma palavra a dizer, ao lado do Papa seria o Colégio dos Cardeais” a quem competiria interferir.

Tudo leva a indicar que não há “transparência” entre o que os textos que Ratzinger terá escrito e o que aparece agora em livro conjunto. Certamente em breve sairá uma comunicação de Bento XVI a pôr cobro às especulações.

É bastante evidente que os ultraconservadores procuram minar a autoridade do Papa Francisco. Para isso revelam uma boa estratégia, conscientes de que hoje o que mais determina a opinião pública são as manchetes dos jornais e agendas de grupos com influência nos Media. Uma vez colocada em movimento a massa dos sentimentos já não haverá oportunidade para mais reflexões e diferenciações.
Porém a realidade que subsiste é que quem está com o Papa está com a Igreja!

António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
In Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5774

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

ÁUSTRIA: UM EXEMPLO DE COLIGAÇÃO PARA O FUTURO GOVERNO ALEMÃO?

 Coligação dos Partidos ÖVP e Verdes na Áustria

A formação do novo governo austríaco de coligação de Conservadores e Verdes, sob a orientação do novo Chanceler Sebastian Kurz, constitui uma novidade com caracter exemplar numa Europa onde passa a não haver regras para a mistura de cores políticas.

O governo empossado (07.01.2020) tem 17 membros, dos quais oito são ministras. A Coligação conseguiu aproximar os temas de política migratória com os planos de preservação do clima.

Kurz continua fiel ao seu tema político da imigração e tem a chance de ganhar terreno perdido em relação ao seu governo anterior de coligação com o FPÖ („populista“).

O mérito de Kurz vem da sua grande capacidade diplomática e da sua capacidade e vontade de compromisso.
 
Não será fácil a missão deste governo mas tem a grande vantagen de formar uma equipa capaz de puxar também o carro dos muitos  indignados.

O presidente federal Van der Bellen fez um apelo aos empossados acentuando: “E peço-vos que continuem em conversa, tanto com os vossos adversários como com os vossos fãs. Em resumo, mantenham-se em contato com a Áustria” (1).

Esta estreia na Áustria entre Conservadores  (ÖVP) e Verdes poderá ser um indício para o que acontecerá nas peróximas eleições alemãs (CDU/CSU, FDP e Verdes!). Os Verdes definem-se no seu programa no princípio “democracia de base, não violenta, ecológica, solidária, feminista, independente”. O partido ÖVP representa o espaço burguês, conservador e liberal tendo como fonte de orientação social a doutrina social católica.

António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5768 

sábado, 4 de janeiro de 2020

Na Passagem da Era do Petróleo e do Carvão para a Era das Energias renováveis


A MODO DE BALANÇO ENTRE A ERA DA ENERGIA FÓSSIL E A ERA DA ENERGIA RENOVÁVEL  


Por António Justo
Com 2020 iniciamos um ano redondo de fim de década, o que convida a fazer tentativas de balanço sobre o passado e o que nos espera no futuro.

Como pontos relevantes de referência básica temos a primeira guerra mundial que iniciou o fim das nações na qualidade de potências individuais. Temos o comunismo a tornar-se no elo de ligação e coerência que deu expressão mundial à União Soviética como grande potência que hoje se prolonga na influência ideológica; por outro lado os USA com o capitalismo que deixaram de ser apenas um país para se tornarem na superpotência mundial, a partir da sua intervenção na I e II Guerra mundial. Ficou assim a atuar no subconsciente dos povos e nos bastidores do palco mundial, de um lado, o capitalismo americano e do outro, o socialismo facetado. 

A uma Europa enfraquecida pelas guerras e reduzida ao mero âmbito de nações, para poder sobreviver em relação aos USA, à Rússia, às potências surgentes da Ásia só lhe resta a alternativa de se organizar através de convenções e contratos na União Europeia. 

À II Guerra Mundial seguiu-se o grande crescimento económico europeu, tendo dado origem ao maior período de paz na História europeia e consequentemente houve um grande desenvolvimento no que se refere aos direitos humanos, responsabilidade social, espírito democrático, liberdade de imprensa e de mercado e à revolução tecnológica em via.

Temos pela frente o grande dilema climático e a necessidade de produção de energia sem base no carvão e no petróleo (grande problema tecnológico a solucionar será o do armazenamento de energia em baterias) para apostar certamente no desenvolvimento e construção de reatores de fusão à base de hidrogênio como os ingleses já procuram fazer.

Como a vida social e política costuma andar atrelada à económica, tudo dá a entender que, no futuro, as zonas geradoras de riqueza e de conflitos passarão do Ocidente para o Oriente, como se observa na afirmação mundial da China em relação aos USA. As tempestades económicas são sempre acompanhadas por devastações sociopolíticas.
 
A destruição do Globo não tem que acontecer, talvez as nossas esperanças se encontram mais flutuantes nesta era muito caracterizada pela mudança e pelo receio do domínio de “dinossauros „económico-políticos.

Já não serão as políticas nacionais a determinar o desenvolvimento das regiões, mas sim grandes empresas anónimas (Google, Apple, Facebook, Amazon, Tencent, Alibaba, Visa, AT&T e outros que surgirão, chamarão a si as atenções e os interesses); estas concorrerão entre elas na tentativa de concentração de capitais e de poder ao lado do poder ideológico político na disputa comum pelo domínio das grandes massas.

A inovação tecnológica necessária, se acompanhada por uma cultura do senso comum e da honestidade prometerá um futuro melhor e ainda mais agradável do que o de hoje. Para isso seria necessário que os valores surgidos da civilização judaico-cristã e greco-romana (baseados em relações pessoais humanas) não sejam substituídos por relações individuais baseadas no comercial.

A vida é contínua mudança e a plataforma que lhe dará consistência e sustentabilidade é a fé/esperança que nos acompanha no caminho, não nos deixando ficar sozinhos! Um povo, que não cultive a fé e a esperança, patina em si mesmo e não avança.

A esperança assemelha-se ao nadador que, para se afirmar em frente, se apoia na resistência que lhe oferece a fragilidade da própria água que o sustem. 

A atitude da classe política europeia ao transpor para o povo o peso das dívidas e ao reservar para as elites o luxo, fomenta assim a chamada reação do “populismo” e dos 'coletes amarelos'; estes são muito sensíveis à mudança axial que paira no ar e de que muitos ainda se não deram conta. 

O Brexit pode ser interpretado como uma reação de medo no mesmo contexto e também um sinal da falta de coesão de uma Europa envelhecida incapaz de dar respostas de caracter orientador e de sentido para o tipo de nova sociedade que vai surgindo (O Papa Francisco poderia servir de modelo para o novo homo politicus que urge criar – as peias ideológicas impedem, porém, os políticos de reagir aos sinais do tempo. A mentalidade extremista e exclusivista de uma esquerda ativista e de extremistas da direita mais não são que o fanatismo das antigas guerras de religião só que encoberto com indumentárias de democracia e de luta em nome de algum bem desgarrado.
 
Pelo seu lado, o mundo do operariado do sector produtivo sente-se inseguro perante a inteligência artificial que o vai arrumando pouco a pouco. O capital que o trabalhador possuía era a energia do seu trabalho sublimada no Dinheiro. Atendendo à dicotomia entre economia produtiva e a economia financeira e correspondente anulação dos juros, desvaloriza-se também a energia laboral do trabalhador em benefício da energia das máquinas e do anónimo. As inovações tecnológicas já se fazem sentir também no clima dos trabalhadores e seus receios em relação ao futuro; cada vez se torna mais seu anseio serem funcionários do aparelho estatal.

Por seu lado, as elites já incluem no seu agir a instabilidade social e o incómodo social; elas vão dando um passo de cada vez, tendo abdicado já da História.  

Embora a pobreza mundial diminua, nunca houve uma época com tão grandes desigualdades sociais como a de hoje: regentes e oligarquias permitem-se a nível de salários e de gestão da vida (energia desviada) o que não se permitiam reis em relação aos seus súbditos: hoje estamos a ser cada vez mais burilados como massa súbdita e anónima na grande máquina da anonimidade económica e política, que vê o seu trabalho simplificado através do controlo total de tecnologias e cabecilhas. 

Estamos a passar do século do petróleo para a era das energias renováveis… O expansionismo económico chinês em rivalidade com o americano obrigar-nos-á, pouco a pouco, a desquitarmo-nos do domínio americano e também de muitos dos valores da sociedade ocidental. A não ser que o poder asiático se torne tão forte que provoque a união dos povos do ocidente com a Rússia.

Por enquanto a sociedade ocidental encontra-se numa fase de desconstrução não só por fraqueza própria, mas pela concorrência de novos protagonistas mundiais e por interesses estratégicos da ONU, interessada em desvalorizar a influência cristã no mundo no sentido de adquirir o controlo total sobre as sociedades para ir substituindo a concepção cristã da pessoa pela de indivíduo da China (relação mais de serviço. Se olharmos para os dados estatísticos do desenvolvimento económico dos países neste século, será de esperar que depois dos anos 70 já não será relevante a problemática política e económica entre a China e os USA, mas sim entre a China e outros países asiáticos.

© António da Cunha Duarte Justo