quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

GOVERNO SOCIALISTA SERVE A SUA CLIENTELA A PRETEXTO DO ENSINO

CORRUPÇÃO ESTATAL EM PORTUGAL
GOVERNO SOCIALISTA SERVE A SUA CLIENTELA A PRETEXTO DO ENSINO

O que o Presidente Cavaco Silva defendia como Solução “equilibrada” revela-se como uma Catástrofe

António Justo

No Centenário da República Portuguesa, socialistas e republicanos aproveitam o ensejo da comemoração, para reforçar a secularização republicana iluminista e marxista. Fazem-no, já não à maneira do Marques de Pombal que perseguiu barbaramente os jesuítas e as suas escolas. O despotismo de cara lavada, através do governo actual, realiza os seus intentos, duma maneira discreta e sistemática, através de decretos e resoluções do gabinete do governo e duma estratégia de infiltração dos seus boys e Girls em toda a instituição de nome e de dinheiro. Criam-se subterfúgios legais de favoritismo para os seus comparsas do partido e para irmãos da maçonaria. A infiltração na administração pública e nos conselhos de empresas públicas e privadas revela-se uma boa estratégia de perpetuação das coutadas da ideologia da nova “Idade Média”, dos donos da democracia! Os dinheiros da Europa deslizam em instituições à semelhança do Parque Escolar, E.P.E., onde irmãos, camaradas e companheiros são providos em nome do serviço público. Este governo constituiu uma empresa chamada “Parque Escolar”, E.P.E. com o fim de concretizar o programa aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 1/2007 de 3 de Janeiro. Ela é responsável pela recuperação das escolas estatais degradadas e pela construção das novas. Como o Estado não lhe paga, ela endivida-se aos bancos (que estão naturalmente em boas mãos!) Mais ano menos ano todos as escolas do Estado se tornam propriedade das instituições financeiras a quem foram hipotecadas. Formam-se assim as parcerias público-privadas que extorquirão o dinheiro ao Estado (contribuintes), quanto quiserem por aluno.

Como exemplo de corrupção estruturada pode-se verificar o Decreto-Lei 72-A/2010, de 18 de Junho, que vem possibilitar concursos relâmpagos para contratos de locação ou aquisição de bens móveis ou de serviços. Este vem possibilitar arranjos de compadrio em favor da Parque Escolar (cfr. https://www.compraspublicas.com/?a=showNoticia&id=2277). Faculta-se, assim. o lançamento de concursos de obras públicas pelas autarquias com prazos de entrega que vão de 24 horas até 72 horas para empreitadas de dezenas de milhões de Euros. Nestas condições só os ‘iniciados’ têm oportunidade de receber a empreitada!

O Banco Europeu de Investimentos (EIB) faz um empréstimo, em curso, de 600 milhões de Euros, ‘em condições favoráveis’ à sociedade estatal Parque Escolar para modernização escolar como revelou Carlos da Silva Costa vice-presidente do EIB e confirmou o Presidente de Parque Escolar, João Sintra Nunes. O programa propõe-se modernizar 332 escolas secundárias até 2015.

O decreto-lei acima referido vem salvaguardar interesses dos amigos da gamela! Só numa sociedade corrupta, disfarçada e favorecedora da corrupção, se implementam práticas e decretos de concessão de empreitadas públicas tendentes a prejudicar o Estado e a favorecer prosélitos. Isto acontece em Portugal à luz da democracia partidária.

Ataque aos colégios com Contrato de Associação como estratégia de implementação de escolas público-privadas resultantes da intervenção da “Parque Escolar”

Numa acção surpresa, pela calada da noite, o Governo de Sócrates quer fazer cessar, através de resolução do seu Conselho de Ministros, a 31 de Agosto de 2011, os contratos simples de patrocínio e associação estabelecidos com estabelecimentos de ensino particular e cooperativo. O Estado tem contrato de associação com 93 colégios portugueses onde os alunos não pagam para estudar. Com esta medida os mais carenciados serão os primeiros a terem de abandonar o colégio escolhido.

O Presidente da república acaba de promulgar o Decreto-Lei n.º 138-C/2010
de 28 de Dezembro, regulamentado pela Portaria n.º 1324-A/2010.
Aquilo que o Presidente anunciara como solução “equilibrada” na revisão do regime de contratos entre o Estado e o Ensino privado revela-se uma catástrofe, sobretudo para as escolas com contratos de associação.

O grande ataque em curso é sobretudo aos colégios com Contrato de Associação, isto é, os "financiados" pelo Estado. As elites instaladas não suportam que os meninos e meninas das classes desfavorecidas, que se encontram “mais permeáveis à antropologia cristã” como revela o psicólogo J.A.Fernandes, se tornem seus concorrentes, através duma formação esmerada e concorrente transmitida por escolas privadas. O que, formalmente, se manifesta como um ataque a todo o ensino privado é, na realidade, o ataque ao ensino da Igreja. Já que não podem expulsar os religiosos pela 4ª vez, querem expulsar a Igreja do ensino, sobretudo do ensino aos pobres. A finalidade escondida, é que o ensino passe todo para as mãos de certos privados com lucros chorudos que o povo vai ter que pagar. Neste momento, um colégio com Contrato de Associação custa ao erário público cerca de 4100 € aluno/ano. Os futuros (já existentes) consórcios público-privados, resultantes da “Parque Escolar”, não se contentarão com menos de 10000€ ou mais aluno/ano. Vai ficar tudo na mão de consórcios privados a sugarem os contribuintes. Estes consórcios de escolas público-privados terão nos seus conselhos administrativos os boys e Girls dos partidos e redes supra-estruturais. Assim dão mais um passo no sentido da instauração duma matriz de hegemonia partidária sobre uma democracia nominal! Entre estes privados não pode estar a Igreja, porque se tornaria num desmancha-prazeres. A antropologia cristã não seria favorável ao deboche total.

Dinheiros públicos e da União Europeia encontram os seus canais naturais favorecidos por redes pessoais e estruturais (partidos e maçonaria) e a sua legitimação nos irmãos e companheiros do sector político através de viabilização destes por decretos e leis.

O Governo usa de duas medidas declarando guerra às escolas do ensino público privado para salvaguardar os próprios interesses na sua rede E.P.E. e decreto-lei. O ensino público de administração privada é visto apenas como recurso para suprir os défices de cobertura do sistema público de administração estatal até que os partidos, através de futuros consórcios de escolas público-privados possam garantir o parasitismo grassante em Portugal.

Oitenta mil alunos e dez mil empregados do ensino público de administração privada encontram-se em risco. Esta medida levará colégios, que se dedicam a crianças mais desfavorecidas, a terem de encerrar as suas portas. Os estabelecidos e com poder para pagar os seus colégios não suportam que haja colégios concorrentes onde os mais humildes possam participar duma educação esmerada como a deles.

O socialismo português tem-se revelado contra a liberdade de opção na escolha da escola; quer a educação nas suas mãos à maneira de Esparta. Quer-se tornar o senhor exclusivo da educação e da moral popular, reservando para os do poder, para os do dinheiro, a faculdade de meterem seus filhos em colégios da sua escolha. A Igreja, e com ela o povo português, dormem ao não saírem para a rua em defesa dos interesses do povo, não contestando massivamente o que um secularismo militante tem vindo a destruir, numa sociedade que se quer moderna e aberta.

Devido à conivência entre partidos e aparelho do Estado, onde há mais Estado há mais gastos; falta a concorrência ideológica e qualitativa. Num Estado sem escolas com projectos educativos alternativos, o povo é mais fácil de encurralar, seguindo mais facilmente a vara da ideologia estatal a dominá-lo.

A má informação criou a ideia que o ensino público de administração particular é para pessoas que querem fazer figura de ricos. O ensino, quer público estatal, quer público privado é suportado pelo contribuinte que, ao optar pelo público privado, paga duas vezes através dos impostos o público e através das propinas o privado. O estado deveria, como defensor da liberdade do cidadão, disponibilizar os dinheiros públicos em função da produtividade qualitativa e da redução de custos.

O Estado com as suas escolas é uma coisa e a sociedade livre é outra. O Estado não precisa de apoiar a Igreja nem deve favorecer esta ou aquela fundação; a sua função é defender o cidadão livre com os seus valores e possibilitar a sua capacidade de decisão. Um Estado / Administração ocupado por partidos e organizações afins, de carácter ideológico não resiste à tentação de impor a sua fé secular nas suas estruturas e de se aproveitar dos orçamentos do Estado para se servir a si próprio. Não podem ser os mais fracos nem uma ideologia a determinar a velocidade e a qualidade da aprendizagem.

Urge Estado sem parasitismo partidário e institucional! Já no prelúdio e agora na celebração do centenário da república portuguesa, as redes de jacobinos republicanos, maçónicos e marxistas dão um grande passo em frente no seu enraizamento e domínio das estruturas do Estado. Os moderados e o centro conservador contentam-se em viver das migalhas que caem da mesa daqueles.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A RELIGIÃO NA CHINA

Os Modelos da Classe Política para a Nação são agora os Imperadores

António Justo
O Partido Comunista Chinês controla as cinco “religiões” reconhecidas na China: Budismo, Taoismo, Islão, Catolicismo e Protestantismo. À frente de cada religião encontra-se uma instituição correspondente, uma “união patriótica chinesa”, subordinada ao “Secretariado estatal para Assuntos religiosos” e este depende, por sua vez, da “Repartição – Fronte da Unidade” do Partido Comunista Chinês.

Perante a constatação de que a religião é inexterminável, o partido comunista chinês procura novas saídas para poder manejar a religião. Tolera as religiões como um mal menor. Daí as andanças da religião na China:”O que hoje é permitido amanhã é proibido e depois de amanhã tolerado”! Para o regime, Marx e Mao já não são tidos como modelos do Estado mas sim os imperadores antigos. Segundo o sociólogo Richard Madsen, a política religiosa dos detentores do poder orienta-se pelo princípio: “o governo guia, a religião segue”. Já o imperador Kang-xi (1661-1722) era do parecer: “é mais económico construir templos, do que alimentar pobres”! O regime socialista reconhece que Religiões, igrejas e templos são imprescindíveis para assegurar a harmonia na sociedade. Um problema insolúvel para o regime está no facto de o seu socialismo ter sido importado, não correspondendo, no que tem de ideológico e dialéctico, ao espírito da alma asiática nem do povo em geral.

A China tem-se aberto a reformas económicas. Maior bem-estar cria condições para o surgir duma consciência aberta aos direitos e deveres cívicos. A abertura económica pressupõe a abertura política.

A política não tem acompanhado o desenvolvimento económico e social conduzindo, por isso, à instabilidade revolucionária. Partes do povo, sentem-se na dissidência, como revela o caso do Nobel da paz Liu Xiaobo. O regime socialista tem fracassado em todo o mundo porque não retribui ao indivíduo, ao povo, o que lhe rouba. Rouba-lhe a dignidade para a supor num abstracto, o povo massa, massa proletária! Nos próximos anos, o regime chinês será medido pela sua capacidade de transformar a China numa grande prisão ou de dar oportunidade ao povo de se desenvolver no processo democrático.

O partido é quem mais ordena! De momento, o Nobel da Paz é um factor de distúrbio e, como a melhor defesa é o ataque, as autoridades chinesas, pressentindo nele indícios duma doutrina social cristã, passaram a atacar mais os católicos.

O grande problema para o regime chinês está no facto da religião católica defender direitos e valores universais (liberdade de consciência individual, colocada acima do Estado e da Religião) o que vem a colidir com interesses nacionalistas e partidários. A massa não tem personalidade, tem nomenclaturas. A estas basta-lhe oportunistas, espias e o medo.

De facto a proclamação dum mesmo Deus, Pai – Mãe de crentes e ateus, vem estragar a ideologia nacionalista e questionar o negócio dos partidos que se julgam inteiros. Um Deus cúpula sobre tudo e todos e um povo de Deus rebelde, em que a última instância não é a instituição mas a consciência individual, causa muitas dores de cabeça a quem quer poder, custe o que custar. Um Deus para todos pressupõe direitos e deveres universais; este Deus revela-se um estorvo com a sua matriz de pensamento. O carácter global da religião cristã estorva o espírito nacionalista chinês, que também não tolera alguém de fora (um estrangeiro, o Papa) a fazer-lhes sombra, mesmo que apenas no foro religioso. Para governar, o socialismo só precisa de saber um pouco de pedagogia, pedagogia de caserna.

Sistemas hegemónicos não toleram o humanismo e perseguem-no, sem respeito pelo cidadão que querem súbdito!

Na China há bispos católicos confirmados pelo Papa, outros por organizações patriotas do Estado e ainda outros confirmados por Pequim e por Roma. Nos últimos cinco anos deu-se a sagração de 11 bispos católicos com o acordo comum do Papa e da “Repartição – Fronte da Unidade”. Este ano o regime Chinês fez nomear um bispo sem a anuência de Roma. A divisão em nome de sistemas prejudica a propagação do cristianismo. Na prática, mais que a discussão de lealdades importa evitar vítimas do Homem e das suas instituições como quer a Boa Nova.

Somos todos feitos da mesma massa e habitantes do mesmo universo. Vive-se num mundo tão dividido e degradado e numa humanidade tão feroz contra si mesma!... A paz é um dom a fomentar por todos para todos. Todas as formas de governo, no mundo, tal como todas as revoluções, até hoje, se revelaram anti-povo: uns poucos reservam para si o acto de governar, considerando-o um privilégio, servindo-se para isso da exploração violenta ou suave. No século XXI, Estados e religiões, regimes e ideologias, não podem limitar-se, como no passado, a administrar a carência e a viver dela; urge mudá-la, urge que o cidadão se torne senhor. Geralmente, a pobreza de espírito encontra-se em cima a governar e a pobreza económica em baixo a obedecer. A supremacia e a subordinação são contra a dignidade humana e impedem a humanização do Homem e da sociedade. A responsabilidade é individual e colectiva pressupondo um esforço de superação individual e colectivo. A missão de quem governa responsavelmente será auscultar o coração do povo todo e servi-lo. A palavra ministro vem da palavra servir! O cidadão é rei! Rei para os monárquicos e presidente para os democráticos. Até agora têm governado os filhos da ‘escrava’!

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos

BENTO XVI ABRE-SE AO JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
“Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos”

António Justo
O livro, “Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos”,resulta duma entrevista efectuada de 26 a 31 de Julho, onde Bento XVI em Castel Gandolfo respondia, uma hora por dia, às perguntas directas e pessoais do jornalista Peter Seewald.

Bento XVI dá assim continuidade aos livros-entrevista "O sal da terra" e "Deus e o mundo", resultantes das entrevistas que o outrora comunista Peter Seeweald fizera ao então ainda Cardeal Razinger.

Esta nova forma de abertura ao jornalismo contemporâneo possibilita a leitura a um público mais abrangente que o das encíclicas.

No livro “Luz do Mundo”, o chefe supremo de 1.200 mil milhões de católicos, toma posição no respeitante aos problemas da Igreja e da sociedade, falando, sem subterfúgios, sobre si, o seu pontificado, a alegria do cristianismo, os abusos na Igreja, o ecumenismo, a sida, mesquitas e burca, o modernismo, o progresso, a droga, a sexualidade, Pio XII, a mulher, o celibato, etc. Ao ler-se o livro acompanha-se um Papa sublime e humilde, que, no centro da vida, quer dar vida à fé e trazer fé à vida.

Dá prazer ler os escritos lúcidos dum homem sábio, fiel a Deus e à humanidade, que, neste momento crucial da História humana, constata que “é absolutamente inevitável um exame de consciência global.” Não chega guiar-se pelo ponto de vista “ da factibilidade e do sucesso.” Para evitarmos certos aspectos destrutivos do progresso “devemos reflectir sobre os critérios a adoptar a fim de que o progresso seja verdadeiramente progresso”. A sociedade ocidental encontra-se numa encruzilhada que conduz ou a um secularismo que não tem nada para contrapor aos grandes problemas da humanidade ou a uma nova questionação sobre Deus. Reconhece que “muitas coisas devem ser repensadas e expressas de um modo novo.”

O anúncio do Evangelho não pode ser consensual: “Se o consenso fosse total, teria de me interrogar seriamente sobre se estaria a anunciar realmente o Evangelho todo”. Reconhece porém que não se tem apresentado suficientemente o potencial libertador e o sentido da fé em Deus. “O cristianismo dá alegria, alarga os horizontes.”

Nota-se que Bento sofre pelo facto dos Media e dos críticos da Igreja condicionarem a modernidade da Igreja às questões que têm a ver com os sexos.

Torna-se nefasto e desastroso para a Europa e para o mundo o caso do modernismo europeu reduzir a imagem da Igreja católica ao seu trato do sexo e condicionar a sua aceitação à sua maneira de encarar a sexualidade. Uma Europa que deve a sua configuração ao Cristianismo e um mundo que tem no catolicismo o seu primeiro modelo implementador de globalização, não revelam carácter ao rebelarem-se como filhos pródigos renitentes na sua primeira fase de abandono e repulsa.

Estes filhos pródigos apoderaram-se de grande parte dos média, das políticas e das administrações, controlando grande parte da opinião públicada e dos centros do poder e tratando a Igreja como sua rival. Os preconceitos mediáticos e a desinformação tornam cada vez mais necessária a abordagem directa dos textos papais.

Contesta o relativismo propagado afirmando que “o homem tem de procurar a verdade; ele é capaz da verdade. É evidente que a verdade necessita de critérios de verificação e de falsificação”. E mostra o seu desconsolo sentindo-se "decepcionado sobretudo por existir no mundo ocidental esse desgosto com a Igreja, pelo fato do secularismo continuar tornando-se autónomo, pelo desenvolvimento de formas nas quais os homens são afastados cada vez mais da fé, pela tendência geral da nossa época de continuar sendo oposta à Igreja".

Lamenta a cegueira do mundo ocidental onde muitas pessoas não distinguem entre o bem e o mal; reconhece na Europa forças destrutivas e manifesta esperanças nas pessoas fora da Europa. Questiona uma sociedade em que as sondagens se tornam “o critério do verdadeiro e do justo.” Para a Igreja "a estatística não é a medida da moral".

Preocupa-o a nova intolerância propagada por um laicismo activista que em nome da tolerância se aproveita para afastar símbolos religiosos dos espaços públicos e assim safar o cristianismo da Europa. “A verdadeira ameaça frente à qual nos encontramos é que a tolerância seja abolida em nome da própria tolerância… Existem regras ensaiadas de pensamento que são impostas a todos e que são depois anunciadas como uma espécie de tolerância negativa…. há uma religião negativa abstracta que se transforma em critério tirânico e que todos devemos seguir… Ninguém é obrigado a ser cristão. Mas ninguém deve ser tão pouco obrigado a viver a «nova religião» determinada como única e obrigatória para toda a humanidade… O que importa é que procuremos viver e pensar o cristianismo de tal modo que ele absorva o moderno que é bom e está certo e, ao mesmo tempo, se separe e diferencie do que é uma contrarreligião.”

Apela à defesa da fé como catalisadora do mal num mundo secularista agressivo. Este quer o ser humano inteiramente disponível ao seu domínio e à sua ideologia reduzindo-o a indivíduo e a coisa sem dignidade divina. “Porém, a presença divina revela-se sempre no Homem.”

Para Bento XVI razão e fé não são contraditórias; vê na fé um serviço crítico e um limite razoável da razão. Doutro modo, o Homem, ao fazer-se a medida de todas as coisas, reduz e desumaniza a criação. O Homem sem Deus, destrói-se a si mesmo e a criação, sem se sentir responsável perante ninguém.

No que respeita ao sacerdócio da mulher, Bento XVI diz que o facto dos apóstolos terem sido homens levou esta prática a ser assumida pela Igreja como norma, sentindo-se ele, assim, condicionado pelo direito. Ao argumentar com a norma consuetudinária deixa o campo aberto à discussão teológica. De facto o NT também diz:”…o que ligares na terra será ligado no céu…” Bento também testemunha que “o significado das mulheres – de Maria a Mónica até Madre Teresa de Calcutá – é tão proeminente que, de muitas maneiras, as mulheres definem o rosto da Igreja mais do que os homens.”

Quanto ao uso do preservativo o “grande Mestre” aponta para a possibilidade da casuística: um método da Tradição que faculta, em casos de conflito entre princípios morais, a possibilidade de optar pelo princípio maior (neste caso a defesa do corpo e da vida é mais relevante que a proibição do uso do preservativo para impedir a natalidade). A Igreja não se pode encostar aos adaptados que têm apenas respostas fáceis e ideologia para oferecer. Ela é acontecimento, milhares dos seus membros entregam-se abnegadamente na ajuda aos infectados pela SIDA. Bento XVI atesta que “onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. É preciso fazer muito mais”. “A mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias”... O uso do preservativo é legítimo “em casos pontuais, justificados… o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.” Solicita a” humanização da sexualidade”. A Igreja não pode desobrigar-se nem reconhecer o preservativo como “uma solução verdadeira e moral”, ela quer uma discussão aprofundada sobre o assunto.

Quanto à homossexualidade, ensina: os homossexuais "merecem respeito" e "não devem ser rejeitados por causa disso".

Relativamente à possibilidade de renunciar ao papado responde “Se o papa chega a reconhecer com clareza que física, psíquica e mentalmente já não pode suportar o peso do seu ofício, tem o direito e, em certas circunstâncias, também o dever de renunciar."

Segundo ele, também as feridas da Igreja “têm para nós uma força purificadora e, no final, podem ser elementos positivos". De facto, na Igreja como na natureza encontra-se a contradição, não fosse ela vida.

A droga "destrói os jovens, destrói as famílias, leva à violência e ameaça o futuro de nações inteiras".

A humanidade alcançou os limites do seu crescimento. A solução cristã, para sair da crise e para resolver os problemas do ambiente e da humanidade, não vem de iniciativas da economia de mercado mas da metanóia, da mudança da consciência individual. Bento, o Cristianismo, aposta na pessoa e crê na sua capacidade de mudança através do aprofundamento da consciência individual numa perspectiva de fé.

O Papa sublinha a esperança cristã e a necessidade de colocar Deus em primeiro lugar para que a Igreja seja a luz de todo o mundo.

A Igreja, como organismo vivo é processo e não uma instituição que se deixe regular apenas por leis externas. O Papa não pode nem deve dar resposta imediata a tudo. Ele é como a Constituição dum país. Da Constituição não se podem esperar respostas muito específicas. Para isso estão as leis, para isso há a pastoral que tentará dar respostas adequadas a situações específicas, “in loco”, tal como as leis do Estado fazem, tendo como inspiração o espírito da Lei Fundamental.

Em caso de conflito de consciência o Cristão está chamado a orientar-se pela própria consciência, como advogava já S. Tomás de Aquino. É também um princípio cristão que o amor está por cima da lei.

Resta aos cristãos e ao mundo “encontrar palavras e modos novos para permitir ao homem destruir o muro do som do finito.”

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DIA DA SIDA

Hoje dia da SIDA seria importante recordar as suas vitimas e alertar para o uso da liberdade responsável.

É de recordar e louvar o trabalho abnegado de muitos membros da Igreja que entregam a sua vida na ajuda das vítimas da SIDA. Estes testemunham, com a sua vida, a dignidade e respeito pela pessoa independentemente da sua fé ou ideologia. A Igreja não tem apenas a ideologia e a desculpa do preservativo para oferecer, pois sabe que este é apenas um recurso a utilizar conscientemente.

Ainda esta semana o Papa dizia numa entrevista: "A mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. (...) Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade".

O pressuposto fundamental da relação deve ser o amor. Então “ama e faz o que queres”, reconhecia a Igreja já nos seus primórdios!

António da Cunha Duarte Justo

sábado, 23 de outubro de 2010

INTEGRAÇÃO DOS IMIGRANTES NA EUROPA: UM PROBLEMA MUÇULMANO

Sarrazin provoca uma Tempestade na Opinião Pública alemã
Por: António Justo
A turbulência em torno da pessoa de Thilo Sarrazin e do seu livro“Deutschland schafft sich ab” (A Alemanha abole-se a si mesma) não parece querer amainar. Sarrazin, ex-ministro das Finanças do Estado Federado Berlim, trata, no seu livro o tema da integração dos muçulmanos nas sociedades para onde emigram, de maneira demasiado clara e indiplomática. Um assunto mantido tabu pela classe política, pela opinião publicada e pelos intelectuais, vem mostrar a divisão entre os alemães.

A Tese de Sarrazin

Os problemas da integração “surgem exclusivamente nos migrantes muçulmanos… e isto deve-se ao fundo cultural islâmico”.

É de opinião que a sociedade alemã se estupidifica mais nas próximas gerações, pelo facto de a população alemã se estar a alhear à cultura enquanto os muçulmanos migrantes geram mais filhos, diminuindo assim o potencial intelectual da sociedade anteriormente liderado pela classe média.

Segundo o autor, “os turcos na Alemanha geram o dobro das crianças do que corresponderia à sua percentagem na população”. “Os Turcos invadem a Alemanha tal como os ‘kosovares’ invadiram o Kosovo: através duma taxa de natalidade superior”.
Vê na fecundidade muçulmana “uma ameaça ao equilíbrio cultural da Europa e um risco para o modelo cultural europeu”. Segundo o relatório 2010 da Conferência dos Ministros da Educação dos estados federados da Alemanha, nas grandes metrópoles Frankfurt, Munique, Colónia e Estugarda, mais de metade de todas as crianças até aos três anos tem base migrante.

Sarrazin lamenta a baixa quota de turcos dispostos a aprender bem a língua alemã prejudicando assim a própria carreira escolar que se reflecte no facto de 54% dos turcos entre os 25 e os 36 anos não terem concluído a formação profissional. Os resultados das escolas alemãs nos estudos comparativos de PISA baixam devido ao insucesso escolar dos turcos na Alemanha. Sarrazin receia assim a diminuição do quociente médio de inteligência da sociedade alemã baseada na vontade procriadora da classe mais baixa. Parece desconhecer porém os factores ambientais. Os turcos certamente não serão mais estúpidos que os outros imigrantes. Estudos provam um nível intelectual inferior das crianças turcas mas não que sejam mais estúpidas.
Com montes de estatísticas apresenta a tese de que os turcos, com muita emigração em busca da assistência social alemã, “certamente não contribuíram para o nosso bem-estar”. Atesta que “em todos os países da Europa, os migrantes muçulmanos custam mais do que a mais valia económica que trazem”.

O autor best-seller atesta e testemunha, com números, o que o povo pensa.
Contrapõe o direito do Estado “a decidir, ele mesmo, quem quer receber no seu país ou na sua sociedade”, ao abandono deste direito aos partidos.
O tema da integração muçulmana (sua resistência à integração) passou a dominar a floresta das folhas dos jornais. Uma Alemanha, que integrou milhões de polacos nos finais do século XIX e 12 milhões de desterrados depois da segunda guerra mundial, sente-se impotente perante 4 milhões de muçulmanos no país. Atrapalha a Alemanha o facto destes parecerem, na sua grande maioria, contentar-se com a prática da religião e o reagrupamento familiar, levando uma vida em contraposição e à margem do país acolhedor. O facto dos problemas da França com os seus 5,5 milhões de muçulmanos é visto pelos alemães como um problema consequente da colonização francesa. Silencia-se que a economia moderna explora, de maneira agressiva, os autóctones da classe média e baixa e os migrantes.

O barómetro da excitação atingiu alta intensidade e não parece haver lugar para uma aberta. Uma opinião pública pautada pela norma da boa educação correcta e pelo tabu social, em que “sobre estrangeiros ou se fala bem ou não se fala”, acorda estremunhada e revela não ter soluções contra o medo sub-reptício da balcanização da sociedade.

Reacção da classe política ao livro de Sarrazin

As elites reagiram com nervosismo e irreflexão: exigiram a sua expulsão da direcção do Banco Alemão e a sua expulsão do partido SPD. A liberdade de opinião é um bem a cultivar enquanto não se pertence à classe privilegiada!... A direcção do partido quer expulsá-lo mas a base compreende-o e mais de 2.000 cartas foram recebidas na central do partido. 90% eram a favor de Sarrazin.

Os políticos temem o escândalo duma realidade que se quer silenciada. Não admitem que um dos seus questione o pensar correcto que é o dogma hodierno das classes dirigentes. Daí a necessidade destas em desacreditá-lo e em declará-lo como apóstata. Conseguiram afastá-lo da direcção do Banco Alemão mediante a sua indemnização duma pensão vitalícia farta, evitando assim perder um processo em tribunal.

O Povo apoia-o e as chefias dos partidos atacam-no. Com a sua crítica, ele atinge o sistema partidário que em vez de o discutir o ataca a nível pessoal. Na sua repulsa primária, a política distanciou-se ainda mais do povo já em dissidência da política (por este andar, o partido dos não votantes atingirá os 40%). Na Europa, cada vez mais se assiste a reacções histéricas entre políticos e povo. Numa sociedade em que as elites se afastam cada vez mais do povo, estas não querem acolher Sarrazin nas suas fileiras, nem um povo que exige vontade de integração aos muçulmanos.

A má consciência política relativamente ao problema da imigração faz-se sentir numa campanha concertada contra Sarrazin, uma crítica virada apenas contra o seu estilo e ignorando a realidade do conteúdo. Mais uma vez se misturam alhos com bugalhos. Com Sarrazin a classe média aproveita para manifestar o seu descontentamento perante uma política que a tem ignorado e manifesta-se o descontentamento perante uma opinião pública dominada pela esquerda liberal que açama a voz da burguesia e da raia-miúde que construiu e levantou a Alemanha pós-guerra!

Na espiral dum silêncio político envenenado surgem brechas que se tornarão explosivas nas campanhas eleitorais. Segundo prognósticos estatísticos, se Sarrazin fundasse um partido receberia 20% de apoiantes.

As opiniões polémicas que Sarrazin expressa sobre a atitude dos partidos, fruto da negligência destes no que toca à imigração turca, que sob o manto da reunião familiar passou de 750 mil turcos para três milhões habitantes de ascendência turca, deixarão rasto profundo na sociedade. Quatro milhões de muçulmanos, em grande parte, vivendo em guetos e em torno das suas mesquitas, com os piores resultados escolares em termos comparativos com outros migrantes e com manifesta falta de vontade de integração, metem medo a muito alemão que se sente atraiçoado pela política e vive com a impressão que a classe política não protege o próprio país nem a própria cultura e se coloca ao serviço de egoísmos e oportunismos individualistas ou de classe.

O medo e o oportunismo têm muito poder numa sociedade habituada a varrer para baixo do tapete o lixo que produz e os problemas não resolvidos desde os anos 60. Assim o CDU/CSU e Liberais fecharam sempre os olhos aos problemas, no que tocava aos estrangeiros, vendo-os apenas como mão-de-obra barata que vinha solucionar os problemas duma economia em expansão. Os Verdes cresceram sob a bandeira dos estrangeiros e da ecologia, colhendo agora os frutos que se expressam nos resultados das eleições; o SPD preocupou-se em integrá-los no partido, atendendo ao potencial que significam em termos de votos para o futuro.

Sarrazin, embora político, não gosta do jogo preferido dos políticos: o Pingue-pongue; gosta mais de futebol! Quer ver a bola na baliza ao exigir medidas reais para a integração dos muçulmanos no país. As suas exigências correspondem, em parte, à legislação vigente na USA, Canadá e Austrália.

No fim de contas, fica a impressão de que os alemães preferem continuar a falar alemão macarrónico com os estrangeiros, não tolerando que Sarrazin, o povo, fale alemão claro. Este descreve um estado de facto mas num tom exaltado e metendo, por vezes o pé na poça. E os seus críticos abusam do moralismo ‘multiculti’ para encobrir os próprios erros e para disciplinar ideias da direita e/ou assegurar resultados eleitorais. O problema em aberto é que os políticos passam e os problemas ficam.

Depois da campanha contra Sarrazin os partidos parecem voltar à normalidade começando agora a pronunciar-se por uma discussão aberta e falando da necessidade de integração.

Europa em efervescência

Thilo Sarrazin provoca na Alemanha uma discussão que já se vai fazendo sentir noutros países europeus. A Holanda que nos anos 80 era modelo nas medidas de acolhimento e apoio aos imigrantes manifesta agora, com reacções xenófobas, que o seu latim chegou ao fim.

Por toda a Europa se sente um fervilhar inquieto no povo. Este vê a pobreza a imigrar para a Europa e sente-se mais depauperado pelos próprios Estados onde as leis e os impostos asfixiam cada vez mais o cidadão laborioso. Uma insatisfação cada vez mais explícita contra o agir da classe política estabelecida terá como consequência a formação de novas forças políticas. A crise económica e financeira leva os perdedores da sociedade a revoltarem-se contra as elites que cada vez mostram mais desprezo pelos de baixo.

As camadas média e baixa da sociedade sentem-se inseguras num momento em que a oligarquia da União Europeia, as famílias partidárias e a sua burocracia se tornam mais fortes.

Os problemas económicos cada vez mais reais, a esterilidade das mulheres europeias e a resistência muçulmana à integração e correspondente vontade procriadora, levam muita gente a sentir o Islão como uma ameaça à própria cultura.

Muitos constatam que os explorados de ontem reagem agora – via imigração e procriação – explorando as leis existentes, a liberdade religiosa e a providência social, vivendo em gueto em torno das suas mesquitas e afirmando-se contra a sociedade acolhedora. Emigram para fugirem à desumanidade social dos países de origem mas temem os valores da nova sociedade.

Entretanto o estrato social inferior autóctone descobre-se como parte da classe social multi-étnica precária entregue a uma concorrência selvagem. Por outro lado uma classe secular vê na atitude muçulmana contra a emancipação, contra o indivíduo e contra o iluminismo uma ameaça às conquistas republicanas. Vê-se confrontada com uma religião eminentemente política, sem política que a confronte. A força ideal reage e aproveita os fracos do poder económico.

A raiva do povo nunca foi boa conselheira mas a incúria política não pode continuar a ser a resposta a problemas a resolver agora, em termos bilaterais.
Os “populistas” terão sucesso porque os nossos políticos revelam menos inteligência do que o Povo em geral.

“Deutschland schafft sich ab” é um livro incómodo para alemães e muçulmanos. O livro reflecte a opinião do povo, a opinião dos que mais sentem os ventos fortes e frios do turbo-capitalismo. Em relação aos outros estrangeiros e seus descendentes concorre para uma discussão mais adequada, uma vez que a imprensa alemã estava habituada a tratar os problemas especificamente turcos sob o manto de “problemas dos emigrantes e seus descendentes”.

Ressentimento por um lado e arrogância pelo outro não resolvem o problema. A integração do mundo turco e árabe na Europa é demasiado complexa para se poder solucionar com simples posições de pró e contra.

Nem a xenofobia nem a arrogância das elites resolverão os problemas de pessoas oprimidas económica e/ou culturalmente. Em tempos de crise todos tendem a sobre-reagir! Na casa em que não há pão todos ralham mas ninguém tem razão!

Na nossa sociedade em ebulição é de preferir um inimigo verídico a um amigo falso.
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha, 5 de Outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Presidente alemão fala Texto claro no Parlamento Turco - Integração e Liberdade Religiosa um Problema árabe

Presidente alemão fala Texto claro no Parlamento Turco
Integração e Liberdade Religiosa um Problema árabe


António Justo

O presidente alemão, em visita de cinco dias à Turquia, expressa dois temas que preocupam a Europa: o problema da integração de turcos e árabes e o problema da liberdade religiosa.

Christian Wulff, ainda no primeiro dia de visita ao país amigo, fala texto claro. Perante o Parlamento turco em Ankara começou por louvar a produtividade dos primeiros trabalhadores imigrantes, passando depois a referir os problemas da integração dos descendentes turcos na sociedade alemã: “É importante que nomeemos os nossos problemas com clareza. A eles pertencem persistir na ajuda estatal, nas quotas de criminalidade, atitude macho, recusa de formação e de produtividade (trabalho e rendimento) ”.

Com este discurso, o presidente mostra aquilo em que os turcos sobressaem na Alemanha. Enquanto a juventude turca na Turquia se revela activa e interessada na formação e produtividade, na Alemanha manifesta-se como recusadora da mesma dinâmica. De notar que na Turquia a juventude não se pode encostar à providência do Estado.

Além disso instruiu os parlamentares dizendo que “sem dúvida, o cristianismo faz parte da Turquia”. Apelou indirectamente para a importância da reciprocidade bilateral ao dizer que os muçulmanos na Alemanha podiam “praticar a sua fé em ambientes dignos”, referindo-se às muitas mesquitas na Alemanha. Defende os mesmos Direitos para Cristãos. A Alemanha “espera que cristãos tenham em países islâmicos o mesmo direito de viver a sua fé em público, de formar nova geração de teólogos e de construir igrejas”. De facto na Turquia, e pior ainda noutros países islâmicos, as administrações locais e o povo impedem a construção de igrejas e a restauração de igrejas antigas; o estado não permite a formação de padres na Turquia; e os cristãos são discriminados na sociedade e na administração. São identificados através dum número característico para cristãos no bilhete de identidade, de modo a não poderem assumir postos representativos ou de confiança no aparelho do estado. A política de repressão dos cristãos conseguiu reduzir na região, nos últimos 100 anos, a população cristã de 25% para uma quota ridícula que não atinge já números inteiros na escala percentual ficando-se numa representação de pró mil!

Reveladora da dificuldade do diálogo com uma grande maioria da comunidade turca na Alemanha é o facto de o Presidente alemão ter de optar por falar na Turquia para poder ser ouvido pelos turcos na Alemanha. De momento a única maneira que os políticos têm de fazer chegar a sua mensagem à comunidade turca na Alemanha é falar a partir da Turquia.

O facto de a Alemanha poder falar abertamente na Turquia revela não só um sinal da mentalidade franca e rectilínea alemã mas também um indício de que a Turquia se torna mais madura socialmente.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

sexta-feira, 18 de junho de 2010

EUROPA UND ANDERE KULTUREN - VOM DIALOG ZUM TRIALOPG

Liebe Anwesende!

Mit diesem Vortrag möchte ich uns die Gelegenheit geben, über ein Thema nachzudenken, das noch zu wenig im Bewußtsein unserer Gesellschaft ist. Dabei können natürlich nur einige Aspekte berührt werden, die mir als wichtig erscheinen.
Ich möchte als erstes stichwortartig auf die gegenwärtige Situation eingehen, d. h. auf einige Aspekte der gegenwärtigen Sinnkrise in Europa.
Dann möchte ich mögliche Probleme der Auseinandersetzung zwischen den Kulturen antippen und erörtern, was für ein Geist hinter dem Teufelskreis des Kulturkampfes steht. Des weiteren spreche ich über die Neuentdeckung des Mythos als Verstehenshorizont und über Wege zur Gemeinsamkeit der Kulturen.

Zur gegenwärtigen Situation
Ist die europäische Zivilisation gefährdet oder stellt sie eine Bedrohung für andere Zivilisationen dar? Im sogenannten Westen neigt man dazu, unsere Gesellschaftsordnung als etwas Endgültiges, als das gelobte Land zu sehen. Historiker sagen, dass die westliche Kultur zu einer Sicherheitszone geworden ist und das "goldene Zeitalter" lebt. Wie damals die Pax Romana so erscheint heute die Pax europeia. Ist andererseits heute das Wiedererstarken des Islam, der ein Fünftel der Menschheit umfaßt und sein Kampf gegen die Moderne sowie die Dynamik Asiens eine Gefahr für Europa wie damals die Barbaren für Rom? Oswald Spengler beschreibt in "Der Untergang des Abendlandes" Geschichte als "die Geschichte der großen Kulturen" und entwirft keine rosigen Szenarien, so wie noch aktualisierter Samuel P. Huntington im Buch "Kampf der Kulturen - Die Neugestaltung der Weltpolitik im 21. Jahrhundert". Er geht weiter und behauptet: "Die gefährlichen Konflikte der Zukunft ergeben sich wahrscheinlich aus dem Zusammenwirken von westlicher Arroganz, islamischer Unduldsamkeit und sinischem (d. h. chinesischem) Auftrumpfen."

Anzeichen von Schwäche:

Bis jetzt haben sich aufgehende Kulturen hervorgetan durch Überschuß, der sich in Stärke auf den Gebieten des Militär, der Religion, Politik und Wirtschaft ausgedrückt hat. Heute fließt der Überschuß mehr in den Konsum. Die Menschen zehren von Kapital und verzehren Kultur. Alles dient dem leiblichen oder momentanen Wohl, das sehr kurzlebig ist. Auch Kultur wird zum Konsumgut. Sie sorgt sich nicht um die Zukunft. Individueller und kollektiver Konsum geht sogar auf Kosten zukünftiger Generationen. Demnach befinden wir uns in einer Phase der Dekadenz. Diese Dekadenzerscheinungen sind denen anderer untergegangener Kulturen ähnlich. Müssen wir uns von daher sorgen, daß die Dekadenzerscheinungen Europas ebenfalls unsere Zivilisation zugrunde richten werden? Oder ist eine universale Kultur im Entstehen?

Die Dekadenz wird besonders in folgenden Erscheinungen ersichtlich:
- Religiöse, geistige, soziale und politische Institutionen üben keine Anziehungskraft mehr auf die Massen des Volkes aus. Das Volk findet in ihnen keine Orientierungen mehr. Die Politik vermittelt manchmal den Eindruck, zum Handwerk der Entmachtung der Massen zu verkommen.

- Die Werte der Zivilisation greifen und begeistern nicht mehr. Die Individualisierung und Pluralisierung von Moral schreitet weiter fort. Man sagt: "Andere Völker andere Sitten". Man abstrahiert, um nicht konkret handeln zu müssen. Pluralisierung relativiert "Gut" und "Böse". Man schaut auf das Ergebnis, nicht auf das Verhalten. In vorindustriellen Kulturen gab es noch das "Heilige" in der Religion, das "Wahre" in der Metaphysik und das "Gute" in der Ethik. Im Industriezeitalter hängen diese Werte als austauschbar gemäß dem Gesetz von Angebot und Nachfrage ab. Die Werte unterliegen den Handelsgesetzen. Anstelle von absoluten Werte treten die Grenzwerte auf. Die Konkurrenz der Werte führt zur Anarchie, wo die Lautstärke sich durchsetzt und nicht das Gute. Die Industrialisierung und die Weltkriege haben die gewachsenen Lebensverhältnisse und damit das System der gesellschaftlichen Anpassungsmechanismen zerstört. Moralischer Verfall breitet sich aus: Kriminalität (asoziales Verhalten), Drogen, Gewalt, Krankheit, Verfall der Familie, Schwinden zwischenmenschlichen Vertrauens, Nachlassen der Arbeitsmoral (Arbeit dient der Erfüllung persönlicher Wünsche), Desinteresse an geistiger Betätigung.

- Das natürliche Bevölkerungswachstum ist rückläufig. Es wird ausgeglichen durch eine spontane Einwanderung (Armutseinwanderung neigt oft zur Ghettobildung). Der soziale Zusammenhalt wurde untergraben durch die Kombination von Einwanderung wegen Arbeitskräftemangel auf der einen Seite, Arbeitslosigkeit auf der anderen Seite, zudem wurde der Zusammenhalt destabilisiert durch Drogen und Kriminalität.

- Indem das Christentum sich nicht als Selbstzweck sah und sich einer Weltpolitik gestellt hat, hat es scheinbar an Selbstbehauptung eingebüßt, verglichen mit anderen Religionen. Durch die Moderne und den "Tod Gottes" kam zu einer Desorientierung im Christentum. Diese Desorientierung wurde von einer Schwächung, Gleichgültigkeit und Verteufelung begleitet. Gegenüber einer Starrheit und Geschlossenheit der Institution Kirche profilieren sich gegnerische Gruppen und politische Konkurrenten. Intelektuelle, Politiker, Journalisten, Moralisten machen alles, um ein geistiges "Niemandsland" zu schaffen im Namen des Internationalismus. Damit schaffen sie eine verbrannte Erde, wo Religion und Kultur nur noch Folklore sind. Politiker und die Macher der Massenmedien bauen sich oft durch Kulturzerstörung auf, ohne einen Bezug zur tiefgreifenden philosophischen und theologischen Wandlung der Kulturinhalte zu haben.

- Seit den Siebziger Jahren, als das ökonomische Wachstum ihre Grenzen erreichte, entwickelte sich ein ideologischer und existentieller Pessimismus. Man schwamm im Überfluß und ertappte sich dabei als der Ausnutzer anderer Völker. Ein zur Mode werdender Internationalismus definierte sich hauptsächlich über Negativpunkte der eigenen Kultur. Dies scheint mehr eine Neigung zur Selbstzerstörung zu sein als die Erkennung der eigenen Schuld an der heutigen Weltmisere. Man übergeht das Schuldgefühl gegenüber anderen Völkern nach dem Motto: der gestrigen Schuld der anderen ist einfacher zu begegnen, sie ist einfacher zu bewältigen als die eigene existenzielle und soziale heutige Schuld wahrzunehmen. Dann spricht man pauschalierend leicht über Hexenverbrennung, Kreuzzüge, Kolonisierung ohne Bezugspunkt als Entschuldigung der eigene Schuld und als Verständnis für die eigenen Barbareien und der Barbarei anderen Kulturen der heutigen Welt. Die Verpflichtung zum Internationalismus kommt nicht aus einer Überzeugung. Sie wird zum Zwang zur Toleranz, zum oberflächlichen Dialog, der Probleme und Grenzen des Dialogs unterschlägt. Z. B. wenn man Unterdrückung in anderen Kulturen als kulturelles Phänomen akzeptiert und damit fördert.

- Vor dem Zusammenbruch der Sowjetunion haben sich die Nationen an die zwei großen Ideologien orientiert, die auch als Schutz dienten. Diese Situation hatte eine bestimmte Form von Identität geprägt, die an zwei Gefälle gebunden war. Man definierte sich als Block. Nach dem kalten Krieg wird Identität durch Kultur bzw. Religion definiert. Der Kampf wurde verlagert.
Das Scheitern des Marxismus bringt den Zusammenbruch der Moderne; und auch der westliche Liberalismus wird mit seiner turbo-kapitalistischen Praxis immer fragwürdiger. Mit dem scheinbaren Verfall des Kommunismus befindet sich Europa in der Krise der Reflexion und damit in einer Krisis der Identität. Es mangelt an einer offenen Identität, die einer reflexiven Wahrnehmung des Eigenen und des Anderen Rechnung trägt. Europa findet nicht zu sich selbst, und dadurch kann es auch zu den anderen nicht hinfinden.
Es gibt zu viel Ideologie im Vakuum der Überzeugungen. Der Westen neigt immer mehr dazu, sich durch ein politisches Credo zu definieren und diese Ideologie wird am Wohlstand gemessen. Der europäische Geist, würde Kant sagen, muß sich an die praktische Vernunft und dem ethischen Imperativ orientieren. Die Überbewertung der Logik führt zur gewaltsamen Form der Durchsetzung.

Einerseits wird westliche Identität definiert durch das Credo von Freiheit, Demokratie, Individualismus, Gleichheit vor dem Gesetz, Achtung vor Verfassung, Privateigentum und Menschenrechten. Aber diese Glaubenssätze haben keinen tieferen Grund, werden nicht gelebt und laufen Gefahr, nur Ideologie zu werden. Während für die Internationalisten diese europäischen kulturellen Werte als einzigartig in der Welt angesehen werden, sehen Multikulturalisten Identität als Schimpfwort: sie sehen Gesellschaft als Ansammlung von Mikrowelten rassischer und ethnischer Art. Multikulturalisten sind oft ethnozentrische Individualisten, die mit ihrer Forderung gegen Integration zurück zum Mythos des unschuldigen Primitiven neigen. Die Multikulturalisten ersetzen die Rechte von Individuen durch Rechte von Gruppen, so dass die Individuen sich definieren über Rasse, Ethnizität, geschlechtlicher Zugehörigkeit, sexuelle Präferenz etc. Andererseits die Einheit von multikulturellen Staaten (Russland, Jugoslawien...) wird aufgegeben.

Die Lösung unserer Problematik geschieht durch eine reflektierte, offene Identität, die offen ist. Für Kant ist Identität ein Begriff der Reflexion, da Identität entweder reflektierte oder keine ist. Zur Identität gehören zwei Aspekte: Was wir selbst sind und was uns von anderen unterscheidet (Dialektik). Identität geschieht in der Komplementarität verschiedener Wirklichkeiten. Karl Jaspers definiert Europa als Freiheit. Für den europäischen Rat sie ist Freiheit, Geschichte und Wissenschaft, sie ist der Ort der Menschenrechte. Wesentliche Merkmale sind Pluralismus, Unterschiedlichkeit, Respekt und Toleranz. Identität haben bedeutet, ein Zuhause haben können, nicht mehr allein im Ich gefangen zu sein und nicht nur aus dem Ich die Kraft schöpfen.

- Europa fehlt heute ein Bewußtsein von Richtung und Sinn. Es wurde zu sehr eine Wirtschafts- und Währungsunion und wird von den einzelnen Nationen als Werkzeug zur Erlangung von Einfluß und Sicherung günstiger Bedingungen nationaler Art benutzt auf Kosten jeglicher kultureller Eigenheit. Ein Beispiel: eine Delegation der iranischen Regierung hat bei einem Staatsbesuch in Deutschland verlangt, daß auf dem Tisch keine alkoholischen Getränke stehen dürften, sonst würde sie den Saal verlassen. Die deutschen Politiker mit Ausnahme eines einzigen deutschen Abgeordneten, der den Saal verließ, gingen auf diesen Wunsch ein. Zuvor waren die deutschen Politiker im Iran und hatten sich dort auch den dortigen Gepflogenheiten unterworfen.

- Der technologische Fortschritt bringt innerhalb und außerhalb Europas vielschichtige Schwierigkeiten. Andere Kulturen akzeptieren das Resultat der abendländischen Entwicklung (Technologie und Wissenschaft), werden dadurch stärker, stellen sich aber quer gegen den politischen Liberalismus.

Die Identitätserkrankung sowohl des Westens wie des einzelnen wird immer mehr thematisiert werden müssen. Wir haben die Grenzen der Individualität schon überschritten, indem wir uns nur noch auf das Ego beziehen. Die Beantwortung dieser Frage des Untergangs unserer Kultur hängt davon ab, inwieweit wir uns von unserem selbst-betäubenden Ego-Trip distanzieren können.

Die Stärke des Westens ist der Stärkung des Subjekts zu verdanken. Der Untergang könnte aber auch durch die Fixierung an das Ego verursacht werden. Denn Voraussetzung für ein Ich ist das Wir. Das müssen wir wieder von anderen Kulturen lernen und dies aus der Mitte der eigenen Kultur heraus finden. Dieses Bedürfnis wird langsam angedeutet, jedoch seltsamerweise aus den Reihen des Militärs. Interessanterweise spricht man in letzter Zeit von der NATO als Wertegemeinschaft. Der britische Verteidigungsminister Malcolm sagt, daß die atlantische Gemeinschaft auf 4 Säulen ruhe: "Verteidigung und Sicherheit innerhalb der Struktur der NATO; gemeinsamer Glaube an Rechtsstaatlichkeit und parlamentarische Demokratie; liberaler Kapitalismus und freier Handel; das gemeinsame Kulturerbe Europas, ausgehend von Griechenland und Rom über die Renaissance bis zu den gemeinsamen Werten und Überzeugungen und der gemeinsamen Kultur unseres eigenen Jahrhundert."

Es ist ein schlechtes Zeichen für unsere Gesellschaft, daß solche Äußerungen von einem Verteidigungsminister kommen und nicht aus der Kulturwelt oder von anderen politisch Verantwortlichen. Sind Militärs paradoxerweise eher in der Lage, Weltzusammenhänge zu erkennen?

Der Westen hat sich blenden lassen und sich extrem ausgelebt in der Naturwissenschaft und Verselbständigung der Technik die mit sich Philosophie und Theologie bzw. Humanwissenschaften an sich gezogen und in ihre Funktion gestellt, so daß unsere materielle Dimension sich sehr verbessert hat und die moralisch-geistige und kulturelle Dimension darunter krankt. Unsere Gesellschaft leidet am Totalitätsanspruch der Wirtschaft, die alle Lebenbereiche reguliert und reglementiert. Dadurch entstand eine Lücke, die die Sinnfrage ausklammert bzw. die ganze Lebensphilosophie und ihre Begründung an Nebenschauplätze verweist, als ob die Zauberwörter Demokratie und Freiheit der Schlüssel der grossen Fragen wäre. Das alles gefolgt von einer Politik, die die Befreiung des Menschen nur als politische Befreiung versteht. Sie reduziert den Aufbau des Glücks auf die ökonomische Unabhängigkeit und es wird dem Menschen der Vorteil angeboten, am demokratischen Prozeß Anteil zu nehmen. Der Mensch wird nicht als ganze Person, sondern in seiner Funktionalität angesehen. Die bindenden Traditionen werden ersetzt durch die Vorgaben, ein eigenes Leben zu organisieren. Der Preis für die Selbstbestimmung in der Moral wird von Sartre in der La Nausée erwähnt: "Dieser Typ hat keinen Wert für die Gesellschaft, er ist nichts als ein Individuum." Mit den Tod Gottes wurde auch die Person getötet. Nec cum te, nec sine te...Die Gegenwart Gottes ist ein Ärgernis; die Abwesenheit Gottes ist eine Qual.

Die westliche Kultur muß die Einseitigkeit von Wissenschaft und Technologie überwinden. Die Technik gewann die Oberhand, und sie fragt nicht nach dem Wesen der Dinge, sondern nach der Funktion. Es geht um Ursache und Wirkung in der wissenschaftlichen und technologischen Entwicklung. Auch die moderne westliche Philosophie ist weitgehend funktionalistisch. Sie interessiert sich nur für das Wofür, nicht für das Sein, für das Woher und Warum, weil man davon ausgeht, daß der Mensch sich noch im Werden befindet. So wird auch Gott nach seiner Funktion für die Welt gefragt, nach seiner Nützlichkeit und somit in die Rente geschickt. Die Religion wird zum Altersheim Gottes.
Naturwissenschaft reduziert das Wahre auf das Verständliche, das mit der Verstand Verifizierbare.
Kann die Philosophie weiterhin nur mit der Vernunft als einziges Instrument der Inteligibilität zur Deutung und Begründung reichen?
Kann die Theologie weiterhin festhalten an einer monotheistischen Tradition (und ihres marxistischen Anhangs) um für das zeitliche Wohl der Menschheit arbeiten zu können? Muß der afrikanische und asiatische Geist sich der profanen universalen Technologie opfern, die, obwohl befreiend, betäubt und die Vielfalt ausschaltet?

Wie kann man die inneren Verfallsprozesse aufhalten und umkehren und zu einem Weltbewußtsein gelangen?

Gemeinsamkeiten der Kulturen suchen
Durch Überwindung der Ideologien
Die Wurzel aller Kulturen sind die Religionen. Religionen waren und sind mehr oder weniger direkt wesentlicher Bestandteil der Identität einer Kultur.

Oft muß man beobachten, daß die unterschiedlichen Formen des Glaubens Menschen voneinander trennen. Glaube kann Feindseligkeit, Trennung und Zerstörung bringen, und das ist nicht Religion. Die Begegnung zwischen Menschen unterschiedlicher Glaubensformen oder Religionen setzt voraus, daß man die Relativität von Bildern, Ritualen und Glaubenssätzen sieht. Nur dann kann man sich durch das Zeitlose, das über diesen Äußerlichkeiten steht, begegnen.

Glaube an Gott, d. h. Glaube im Sinne des Fürwahrhaltens, Rituale, Zeremonien sind nicht Religion, sie sind Formeln. Bilder können Symbol sein. Ein Symbol, ein Wort ist aber nicht, was es repräsentiert. Im Zen-Buddhismus wird in diesem Zusammenhang der Vergleich herangezogen, wenn du mit deinem Finger auf den Mond zeigst, verwechsle nicht deinen Finger mit dem Mond. Man läuft Gefahr, die Symbole zu einer Religion zu machen. Gott ist aber nicht dort.

Menschen werden durch unterschiedliche Traditionen in einen Glauben oder eine Weltanschauung hineingeführt und haben dann diesen Glauben. Häufig "hat" man ihn, ähnlich wie einen Gegenstand, aber man "ist" nicht, d. h. der Glaube, die Religion durchdringt nicht den Menschen, sondern ist nur ein Anhängsel, das man einfach übernommen hat, ein Teil der Kultur.

Der Begriff Religion muß bereinigt werden durch die Verneinung dessen, was Religion nicht ist, damit wir verstehen, was Religion ist. Religion ist die fundamentale Dimension des menschlichen Seins.

In Indien gab es zur Zeit Buddhas (6. Jahrh. vor Chr.) verschiedene Wandermönche, die unterschiedlichen Weltanschauungen angehörten und miteinander stritten, weil jeder glaubte, im Besitz der einzigen Wahrheit zu sein. Buddha erzählte ihnen deshalb folgende Geschichte: "Es war einmal ein König, der rief zu seiner Zerstreuung etliche Bettler zusammen, die von Geburt an blind waren und setzte einen Preis aus für denjenigen, der ihm die beste Beschreibung eines Elefanten geben würde. Zufällig geriet der erste Bettler, der den Elefanten untersuchte, an dessen Bein, und er berichtete, daß der Elefant ein Baumstamm sei. Der zweite, der den Schwanz erfaßte, erklärte, der Elefant sei wie ein Seil. Ein anderer, welcher ein Ohr ergriff, beteuerte, daß der Elefant einem Palmblatt gleiche usw. Die Bettler begannen untereinander zu streiten, und der König war überaus belustigt."

Diese Parabel verliert nie an Aktualität. Ideologien sind einseitig, weil nur vom Verstand formuliert und an Ort und Zeit orientiert. Und da sie ihre eigene Identität in dialektischer, Gegensätzlichkeiten betonender Beziehung zu anderen Ideologien aufbauen, sind sie unfähig zur Selbst-Reflexion und damit unfähig, die eigene Örtlichkeit und Zeitlichkeit zu überwinden. Die Ideologie ist totalitär, weil sie meint, die Gesamtheit der menschlichen Erfahrung zu erfassen. Sie verlangt die Unterwerfung der privaten Überzeugung. (In der Kirche: "de internis non judikat ecclesia"). Die Vermeidung zukünftiger Weltkriege zwischen den Kulturen kann nur stattfinden durch Einigung, indem die Ideologien sich ihrer Relativität bewußt sind und an einem gemeinsamen Interesse arbeiten. Interessen einigen, weil sie zu Kompromissen führen.

Die Religionen müßten ihr ideologisches Gerüst kritisch reflektieren. Die religiösen Institutionen verstehen sich auch als Wachhunde der Kultur, aber sie sind zu Löwen geworden, je nach Religion mehr oder weniger stark. Sie werden oft zur Gefahr für den einzelnen Gläubigen und für andere Kulturen.

Anstatt sich an Ideologien zu klammern, ist es angebracht, zu den dahinter stehenden Theorien zu kommen. Und die Theorien müßten in einen globalen Zusammenhang gebracht werden, damit sie heutigen Anforderungen entsprechen. Ein Kriterium zur Überprüfung der Globalitätsfähigkeit unserer Theorien ist die Überprüfung ihrer Entstehung: Die traditionelle Haltung jeder Philosophie ist, dass die Praxis aus der Theorie folgt, wobei der Vorrang des Denkens vorausgesetzt wird. Die Ideologien hingegen leiten die Theorie aus der Praxis ab, wobei die Praxis Vorrang hat. Für Ideologien ist maßgebend, was in der Welt geschieht Es gibt keine letzte Instanz, keine Transzendenz. Die praktische Philosophie unterscheidet zwischen dem Gegebenen und dem Denken.

Unsere Welt wäre weiterhin ein Feld der Konfrontationen, wenn man fortfährt, sie den Händen von Ideologen zu überlassen, wie z. B. Multikulturalisten, die Europa der Welt gleich machen wollen oder Universalisten, die unter dem Deckmantel des Universalismus und des Fortschritts die Angleichung der Welt an den Westen wollen.

Kultur wurde auf Feindbilder aufgebaut. Man fand zur eigenen Identität durch Gegnerschaft. Eigene Werte wurde verabsolutiert. Der Mensch von heute lebt immer noch, was Kultur betrifft, mehr im Gefühl von Feindbildern als in der Bindung an eine gemeinsame Weltkultur. Gemeinsame Weltkultur bedeutet weder, im Sinne der Multikulturalisten die Angleichung Europas an die Welt noch im Sinne der Universalisten, die Angleichung der Welt an den Westen.

Anstatt die vermeintlich universalen Aspekte einer Kultur zu propragieren, gilt es, im Interesse der Kulturen-Koexistenz nach dem zu suchen, was den Kulturen gemeinsam ist. Das heisst Verschiedenheit akzeptieren und nach Gemeinsamkeiten, nach den Wesentlichen suchen. Dafür müssen wir eine andere Sprache finden als die der wissenschaftlichen Technokratie, die in der Dialektik verfangen ist.

Ängste und Selbstverständnis anderer Kulturen
Der hegemonische Anspruch der europäisch-amerikanischen Kultur, d. h. der Anspruch auf Beherrschung der Welt, mit dem Glauben an die Universalität der westlichen Kultur und ihrer Werte ohne Rücksicht auf die Verschiedenartigkeit der Kulturen ist fatal. Man vergisst, dass durch den Verfall der Sowjetunion die amerikanische Hegemonie nicht mehr nötig ist für die Interessen der verschiedenen Völker. Dieser Hegemonie-Anspruch widerspricht westlichen Werten wie Selbstbestimmung und Demokratie und widerspricht asiatischen und muslimischen Kulturen, die moralische Überlegenheit für sich in Anspruch nehmen. Auch hier bei uns scheint der Werteverfall zu rechtfertigen, daß Einwanderer in eine Migration nach innen gehen, die der Bewahrung eigener Werte, eigener Gebräuche dient, auch wenn sie im Gegensatz zur Gastkultur stehen. Ihre Religiosität nährt sich zum Teil aus einer moralischen Kritik an den destruktiven Tendenzen der westlichen Moderne, die im Widerspruch steht zur eigenen kulturellen Orientierung.

Auch in Ostasien versucht man sich vom Westen abzugrenzen. Präsident Wee von Singapur ist besorgt über die Beeinflussung der neuen Ideen und Technologien und die Aussetzung verwestlichter Werte wie Individualismus und egozentrische Lebensperspektiven. Er schlußfolgert: Es sei notwendig, die Kernwerte zu benennen, die den verschiedenen ethnischen und religiösen Gemeinschaften in Singapur gemeinsam seien und "die Quintessenz dessen enthalten, was es bedeutet, Singapurer zu sein". Folgende Werte wären gemeinsam: "Die Gesellschaft über das Ich stellen, die Familie als Grundbaustein der Gesellschaft hochhalten, wichtige Fragen einvernehmlich und nicht durch Streit lösen; auf rassische und religiöse Toleranz und Harmonie drängen." Er schloß ausdrücklich politische Werte wie Demokratie aus seinem Katalog aus.

In der islamischen Welt rechtfertigte Zulficar Ali Bhutto den Ausbau eines vollen Nuklear-Potentials für Pakistan folgendermaßen: "Die christliche, die jüdische, die hinduistische Zivilisation besitzen dieses Potential. Nur die islamische Zivilisation besaß es nicht, aber diese Situation sollte sich ändern". (in Boston Globe, 14.8.93,S.2) Dies zeigt, daß der Zugang zur Globalität zuerst stattfindet durch den Zugang zum eigenen Kulturkern, der primär über Religion definiert wird.

Es ist klar, daß Zukunftsgeschichte zur Geschichte der großen Kulturen wird. Hier liegt das Betätigungsfeld, an dem wir viel zu knacken haben. Die großen Weltreligionen, die hinter den Weltkulturen als Identitätsregulatoren stehen, sind: Westliches Christentum, Orthodoxie, Hinduismus, Buddhismus, Islam, Konfuzianismus, Taoismus und Judentum. In ihnen sind die Indikatoren zur Spaltung oder zu gemeinsamen Werten. Eine Universalkultur kann nur auf dem Weg der Gemeinsamkeiten und der gemeinsamen Suche beruhen. Im friedlichen Austausch voneinander lernen, einander gegenseitig das Leben bereichern. Das große Problem ist, dass jeder dieser Kulturen sich allgemein gesprochen in verschiedenen Entwicklungsstadien der Identitätsfindung und Identitätsförderung befindet, sei es soziologisch, sei es individuell gesehen.

Das Christentum scheint, soziologisch gesehen, seinen Beitrag zur Entwicklung des Westens schon erledigt zu haben und ist nicht mehr die treibende Kraft. Seine Aufgabe hat sich in die innere Entwicklung des Individuums in der Privatheit verlagert und in der Globalitätsproblematik. Andere Kulturen, z. B. der Islam benutzen noch die Religion, um nationale Identitäten und Universalitätsansprüche gelten zu machen (Panarabismus). Die Unterschiedlichkeit der Funktionen, der Bewußtheitsgrad und die geschichtliche Entwicklung der Religionen müssen thematisiert werden, damit eine wahre Begegnung und Toleranz entstehen kann und nicht im Namen von religiöser Toleranz, Ideologien gefördert werden. Oft tut man so, als ob Religion gleich Religion wäre und in unserer europäischen Selbstherrlichkeit, als ob unsere Begriffs- und "Wirklichkeitswelt" gleich die der Welt wäre. Wir können nicht davon ausgehen, daß unser Demokratieverständnis in anderen Kulturen vorhanden ist, sonst mißverstehen wir andere Kulturen und laufen Gefahr, sogenannte Demokratien ohne Demokraten zu fördern.

Bezüglich des Islam behauptet Prof. Mohamed Arkoun: "Noch kann die muslimische Welt nicht wirklich mit Kritik umgehen. In der arabischen Sprache fehlen Worte wie "Kritik" oder "Vernunft", wie wir sie verstehen; Wir dürfen also kritisches Denken nicht voraussetzen, wir müssen es überhaupt erst einführen. Seit 1945 gibt es keinerlei Liberalität mehr in der arabischen Welt".

Der Islam kann sich nicht weiterhin reduzieren lassen auf eine engstirnige moralische Ordnung, Geschlechtertrennung und Verschleierung von Frauen. Er muß zurückfinden zu dem, was der islamische Philosoph Averröes schon in 12. Jahrhundert bezüglich der Lehre der doppelten Wahrheit sagte: es gibt die Wahrheit des Dogmas und die Wahrheit der philosophischen Spekulation (Er fand keinen Nachfolger im Islam). Die Aufklärung des Westens und mit ihr die Trennung von Religion und Politik, die Sekularisation, brachte Europa weiter. Dieses Europa, das sich teilweise von der negativen Herrschaft Gottes befreite, beängstigt die islamische Welt ,die paradoxerweise keine andere Alternative sieht für ihr Selbstverständnis und ihre Selbstbehauptung als Allahs Mantel. Während der Westen sich von Gott abwendet und damit in die Krisis kommt, klammert sich der Islam um so mehr an Gott. Anstatt ein anderes Gottesbild zu entwickeln, scheint der Westen sich völlig von einem Gottesbild zu distanzieren. Der Islam läuft im allgemeinen in die gegenteilige Richtung und damit in Phasen, die er selbst schon überwunden hatte.

Die Mythen als Weg
In der Zeit des Turmbaus zu Babel lebte die Gesellschaft in einer Sinnkrise beim Übergang von der Agrar- zur Stadtkultur. Weil die Menschen durch den Verlust Gottes keine Mitte mehr hatten, hatten sie das Bedürfnis, eine Mitte, die alle Menschen vereint, zu bauen. Die sinngebende Mitte war der Turm. Dies ist dem Bedürfnis ähnlich, eine Wertegemeinschaft des Westens zu schaffen. Aus diesem Mythos heraus können wir erkennen, daß es eine Mitte ohne Gott nicht geben kann bzw. zu einem Versagen führen muß wie beim Turmbau zu Babel, wo aus der angestrebten Einheit eine Verwirrung der Sprachen wurde, d. h. daß die Menschen sich nicht mehr verstehen konnten.
Es gibt Wege zur Gemeinsamkeit in den Mythen der Religionen, die einander ähnlicher sind und sich sogar überlappen, als das in den Erscheinungsformen der Religionen der Fall ist: In der Vergangenheit und noch heute werden Religionen als Instrument von Identifikation benutzt in der Abgrenzung und somit auf ihre soziologischen Erscheinungsformen reduziert. Die Religion werden auf historische Fakten oder auf die Ebene der Phänomene und die Funktionalität reduziert. Die Phänomenologie vergleicht nur Stukturen oder Lehren.

In Christentum und Islam wird jeder Versuch einer esoterischen Vertiefung der Lehre durch die Obrigkeit für absolut unzulässig erklärt. Sie will nicht akzeptieren, dass es über ihren Bereich hinaus ein Gebiet gibt, das sich ihrem Urteil entzieht. Hier tut der Dialog mit den Religionen der mystischen Erfahrung wie Buddhismus, Hinduismus und Taoismus und mit der eigenen Mystik not. Es darf aber nicht vergessen werden, dass die modernistische Überbetonung der Subjektivität auch ein Irrtum ist, weil sie die Objektivität ausschaltet, aber ein noch größerer Irrtum ist die konservative Überbetonung der Objektivität und der Legalismus, der jeder wahrhafte Subjektivität erstickt.

Der höchste Zweck der Religion ist das Heil des Menschen und nicht, Gottes Hüter und Verteidiger zu werden. Die Verteidigung Gottes gehört zur Ideologie und diese zielt darauf ab, Macht über andere zu erlangen durch die Instrumentalisierung Gottes, sei es im individuellen, sei es im kulturellen Bereich (Kreuzzüge und noch heute der Heilige Krieg).

Dialektik/Dualismus/Mythos: Brücken bauen durch eine neue Sprache, die Sprache der Mythen, die Sprache des Herzens
Meistens wurde der Dialog zwischen den Religionen dialektisch geführt, das heisst in Konfrontation zwischen verschiedenen Diskursen (Logoi) wohl wissend, dass der dialektische Diskurs zur Beherrschung der einen Kultur über die andere führt. Der Dialog muß mit der Hilfe der Mythen geführt werden, wenn wir nicht mit der Konfrontation der Kulturen fortfahren wollen. Die Entmythologisierung des Mythos, d. h. der Versuch, die Mythen verstandesmäßig zu erklären, ist bis zu einen bestimmten Grad notwendig. Wenn Mythen aber zu einem reinen Gegenstand des Verstandes reduziert werden, dann wird Entmythologisierung zur Intoleranz, da eine Idee nicht eine gegensätzliche dulden kann. Der Mythos bewegt sich in der Freiheit des Seins, während das Denken sich in der Freiheit des Selektierens bewegt.

Der Mythos (Weltdeutung und Welterklärung) ist das, woran man glaubt ohne zu glauben, dass man daran glaubt, er ist das, was wir stillschweigend voraussetzen, was wir nicht in Frage stellen: der Mythos dient als letzter zeitloser Bezugspunkt, als Prüfstein der Wahrheit, er handelt von der Beziehung zwischen Gott - Welt und Mensch als Ganzes. Man kann den Mythos in verschiedenen Stufen leben, d. h. als Raum, als Geschichte und als Welt des Geistes.

Im Mythos des Kosmos herrscht die Wahrnehmung des Raumes. Wirklichkeit ist räumlich und die 3 Welten (Gott, Welt, Mensch) werden in räumlichen Begriffen verstanden: Oben die Welt der Götter, dazwischen das menschliche und darunter die Unterwelt.
Im Mythos der Geschichte herrscht die Zeit. Die 3 Welten sind Bereiche von Vergangenheit, Gegenwart und Zukunft. Es geht um die Wahrnehmung der Subjekt-Objekt-Relation. In diesem Mythos sind wir besonders verfangen. Problem der Ontologie
Der Vereinigende Mythos bzw. der Mythos des Geistes: setzt die Überwindung der Dichotomie, d. h. den Zweispalt von Subjekt und Objekt voraus sowie des Dualismus. Es ist der Mythos der Bewegung auf die Ganzheit hin und ist das Ideal der Synthese. Die 3 Welten sind nicht nur räumlich oder zeitlich, sie sind vielmehr die Welten des Geistes, des Lebens und der Materie.

Wir haben den Mythos des Kosmos im allgemeinen überwunden und befinden uns im Mythos der Geschichte, wo es um die Subjekt-Objekt-Relation geht. Wir streben aber die Globalisierung an. Die Voraussetzung, um diese zu schaffen, ist, die Stufe des Vereinigenden Mythos zu erreichen. Das setzt weiter eine Rückkehr zu einem erneuertem mythischem Verständnis voraus und eine Schaffung neuer Mythen bzw. die Ur-Mythen jeder Kultur nicht auf die Entwicklung der eigenen Kultur zu beziehen, sondern als Menschheits-Mythen zu betrachten.

Die Welt braucht eine neue "historische Achse", ein neues Bewußtsein, wie es im 6. Jahrhundert vor Christus in allen Hochkulturen geschah: Die neue Orientierung von Mythos zum Logos (Verstand) bzw. zur Philosophie und Wissenschaft. Die verschiedenen Kulturen kamen vom Wir zum Ich und zum persönlichen Gott. Fast zur gleichen Zeit traten entscheidende Ereignisse und Religionsstifter und Philosophen auf, die die zukünftige Geschichte wesentlich prägten. Es kam zu einem qualitativen Sprung in der Menschheitsentwicklung, zu einer gemeinsamen Bewußtseinsänderung.

Mit der Tempelzerstörung von Jerusalem wird Abstand genommen von einem völkischen Gott. Zarathustra verkündet die persönliche Erlösung (Sittlichkeit, Mensch nicht nur Zuschauer), Konfuzius und Laotse kommen zu einer persönliche Auffassung von Gerechtigkeit und Moral (persönliches Gewissen). In Griechenland geht man über von der Kosmologie zur Anthropologie. Heraklit entdeckt den Logos. Die Mysterien garantieren die Erlösung des Individuums. Wie hier der Mensch anfängt, sich abzunabeln vom Numinosen und der Tyrannei der Gruppe, so müßte heute ein ähnlicher Prozess der Entbindung der Menschen von den einzelnen Kulturen zu einer universelle Kultur stattfinden. Wie die Menschen damals vom Wir zum Ich kamen, müßte jetzt aus dem Ich heraus ein Wir werden, in dem sich das Ich bewußt aufgibt.
"Der Mensch kann ohne Mythos nicht leben. Anderseits wird der Mensch erst zu einem vollen Menschen, wenn er auch sein logisches Potential und seine geistigen Fähigkeiten entwickelt hat. Ebenso wie das Wesen des "Primitivismus" einer archaischen Kultur in seinen mythischen Merkmalen liegt, so ist der "barbarische Charakter" der zeitgenösischen westlichen Kultur im wesentlichen nicht auf die materielle Komponente einer bestimmten Zivilisation zurückzuführen, sondern auf die überragende Macht, die sie dem Logos (Verstand) zuschreibt." (Panikkar). Mythos und Logos können nur im Geist existieren. Der Geist aber läßt sich weder vom Mythos noch vom Logos manipulieren. Der Geist ist Freiheit. Der Ort des Geistes ist das Schweigen, der Frieden. Kultur ist ein Geflecht von Mythos und Logos. Man kann nur völlig tolerieren, was man annimmt durch Verstehen (Logos) oder durch den Mythos. Die Beziehung der Vernunft ist dialektisch und die des Mythos dialogisch, das bedeutet, der Mythos schließt eine Wahrnehmung ein, die alles umfaßt. Obwohl der Ort der Religionen der des Mythos ist, das heißt des Dialogischen, Friedlichen, leben und verkennen die Religionen sich selbst, indem sie sich oft reduzieren lassen auf das Dialektische, Kriegerische.

Mystik der Ort der Begegnung

Einer der Folgen der Globalisierung ist eine Lebensform, die ins Transkulturelle weist. Das führt dazu, dem Transzendentalen in anderen Kulturen und in uns zu begegnen über die Transzendenz der eigenen Kultur. Dies verlangt sowohl auf national wie auf internationaler Ebene im Kulturellen aber auch den Übergang von nationalpolitischer Geschichtsschreibung wie Geschichtsdeutung zur Universalgeschichte als Gedächtnis der gesamten Menschheit. Es ist klar, daß nationale Geschichte auch als nationaler Mythos die eigene Erinnerung prägt. Diese Erinnerung bewirkt Zukunftsvorstellung und Zukunftsgestaltung, die dadurch regional werden, statt universal. Universales Bewußtsein kann nicht aufgebaut werden mit dem Parameter der Nationalkultur, aber auch nicht aus einem leeren Raum und aus Allgemeinplätzen wie die Herstellung eines Wertekatalogs. Geschichte muß neu beschrieben werden aus einer Weltsicht heraus.

So wie die Nationalgeschichte als Pädagogik ein Hindernis darstellt zur Schaffung eines universalen Bewusstseins, so sind die Religionen zuerst ein Hindernis, bis sie zu sich selbst gefunden haben, bis sie zur Mystik zurückfinden, die mit dem Mythos Hand in Hand geht. Die wohlverstandene Religion ist der Weg zur Zukunft Europas und zur friedlichen Zukunft der Welt. Alle Religionen brauchen eine Institution, da nur sie Tradition ermöglicht, sie brauchen ein geistiges Milieu, das ethisches Handeln ermöglicht und mystisches Leben (Erfahrung Gottes), das uns den Horizont öffnet. Dieses mystische Element ermöglicht eine gemeinsame Zukunft und eine Weltkultur.

Ich bin der Meinung mit Raimon Panikkar, dass "die Begegnung zwischen den Religionen sich nicht auf neutralem Boden ereignen kann, in einem Niemandsland, was ein Rückfall in einen unbefriedigenden Individualismus und Subjektivismus darstellen würde". Die Begegnung kann nur im Zentrum der religiösen Überlieferungen stattfinden, auf der Ebene des religiösen Mythos und nicht auf der Ebene der religiösen Ideologie, welche Menschen und Völker instrumentalisiert und oft als Institutionen Hindernisse zur Entwicklung des Menschen darstellen. Die Begegnung muß sich außerhalb von Moralvorstellungen realisieren, weil diese Zeit und Raum gebunden sind im Gegensatz zu Religion. Es muß ein neuer Horizont den Erfahrungsaustausch aller Kulturen ermöglichen, wo Religion nicht nur die Bedeutung von re-ligare (wiederverbinden), sondern auch von entbinden hat, nämlich entbinden von Gottesbildern.

Eine neue Dimension von Kosmos-Mensch-Gott erschließt sich dann, wo Religion eine neue Daseinsform ermöglicht, in dem das Sakrale und das Profane keinen Gegensatz mehr darstellen. Im Christentum ist dieser Weg möglich durch die Trinität, die den Theismus, den Monismus und den Dualismus, Transzendenz - Immanenz übersteigt. Auf der Basis dieser trinitarischen Wirklichkeit, die in allen Religionen (als Lebensrätsel und letzte Begründung) oft im Mythos versteckt, vorhanden ist, wird die Öffnung zur Gemeinschaft aller Menschen möglich, zur Welt, zur Natur und zum Geheimnis. Ein neues Bewußtsein, in dem die Religionen nicht mehr anstreben, die Religion der gesamten Menschheit zu werden. Ein Pluralismus ist notwendig, der im Glauben gründet, dass keine einzige Gruppe die Ganzheit der menschlichen Erfahrung umfasst. Er setzt zwar den eigenen Standort voraus, ist aber spiritueller Ort ohne die Diktatur der eigenen Tradition. Wenn Religionen und Kulturen sich als Ort der Identitätsfindung und der Auseinandersetzung mit der Welt verstehen, dann können sie nicht weiter Gott einsperren bzw. vereinnahmen und mit ihm den Menschen fesseln.

Die vergangene Erfahrung lehrt, dass Wahrheitsbesitzer zum Krieg als Lösung von Konflikten greifen. Nicht die Behauptung der Wahrheit, sondern die Suche nach der Wahrheit charakterisiert den religiösen Weg des reifen Menschen. Eine gemeinsame Suche ermöglicht die eigene Entwicklung und die der Welt. Die ganze Wahrheit schließt die Wahrheit der anderen ein. Karl Jaspers sagt: Die Wahrheit beginnt zu zweit. Und Dionisius Areopagita meinte: Schon der Anspruch, Gott in irgend einer Weise zu "erkennen" ist an sich Götzendienst.

Da Gott und das Gute jenseits des Seins liegen, ist Schweigen angebracht. "Wer die Theologie, sowohl diejenige des christlichen Glaubens als auch diejenige der Philosophie, aus gewachsener Herkunft erfahren hat, zieht es heute vor, im Bereich des Denkens von Gott zu schweigen. Denn der ontologische Charakter der Metaphysik ist für das Denken fragwürdig geworden, nicht aufgrund irgendeines Atheismus." (Heidegger, Identität u. Differenz, S. 45).

Im Christentum vollzog sich die Enthellenisierung Gottes, die Gott mit dem Sein gleichstellte. "Der christliche Gott ist nicht sowohl transzendent als auch immanent. Er ist eine andere Wirklichkeit, die im Sein gleichwohl anwesend ist und aufgrund dieser Anwesenheit macht er das Sein seiend"(Cfr. Devart, The Future of Belief S.139)

Jeder Glaube jeder Kultur stellt eine Chance dar zur Entwicklung und Selbstfindung; sie stellen aber gleichzeitig eine große Gefahr dar, indem sie uns zeigen wollen, was Wahrheit, was Gott ist. Was bewußte Menschen zu tun haben, ist nicht von Gefängnis zu Gefängnis zu rennen, in der Illusion, die Wahrheit irgendwo in einer Kultur oder Religion zu finden, sondern die Mauern, die Handschellen der eigenen Kultur zu erkennen und damit zu begreifen, dass, was wir suchen, jenseits jeder Kultur, in uns selbst liegt. Nur dann kann man ergriffen werden und staunen. Schon Jesus hat festgestellt, dass Gott, die Wahrheit nicht im Tempel oder nur im Judentum zu finden ist, sondern inmitten des Menschen, der in der Gemeinschaft lebt, die alle einschließt.


Damit Europa nicht zugrunde geht und seine Aufgabe für die Welt erfüllt, muß es zur Mystik finden. In diesem Gott, der alle Namen hat, gibt es immer eine Zeit und einen Raum, wo alles möglich ist. Da gibt es Platz für Mythos und Wissenschaft, für Aktivität und Passivität fern von anhaftenden Vorstellungen, wo wir uns nicht verschließen brauchen wie die Schnecke, die sich bei jeder Herausforderung in ihr Schneckenhaus zurückzieht und somit den Sinn für andere Wirklichkeiten verliert. Schön ist es, wenn ich mitten in unserem Leben, das Gott durch Aktivismus zu verwirklichen sucht, noch die Möglichkeit einräume, ans Meer, auf den Berg, in die Wüste zu gehen, um die Stille zu hören und mich dabei dem Spiel hingebe, einen neuen Namen für Gott zu finden. Mystische Erfahrung ist Glück und sie macht heimatlos, wobei man das Zuhause überall findet. Da hat Gott zwar viele Namen, mit denen man aber spielen und damit wachsen kann, aber an denen man nicht hängen bleibt. Jede Kultur, jeder Mensch schafft sich ein Gottesbild je nach seiner Entwicklungsphase, da die Gottesvorstellung des Menschen und kulturelle Lebensformen sich bedingen. Heute gibt es das Bedürfnis, ein neues Gottesbild zu schaffen, das den Anforderungen der Globalisierung entspricht.

António Justo,
Hofgeismar, den 7. 5. 2000




(1) Die Katholizität, d. h. das Umfassendsein des christlichen Glaubens liegt gerade darin, dass der Glaube Form annimmt in verschiedenen Formen. Die abendländische Form des Christentums ist nur eine der möglichen Formen des christlichen Glaubens.



Der Mythos des ersten europäischen Helden Odysseus, der unter anderen Mythen die Identität Europas formte, wäre heute noch zu leben (als Programm). Oysseus läßt sich an einen Schiffsmast fesseln, um die verführerischen Göttinnen, die Sirenen hören zu können, und ihnen nicht zu folgen bzw. nicht von ihnen getötet zu werden. Er will bewusst leben. Dieser Mythos sagt aus, daß die Leidenschaft durch den Verstand gemäßigt wird. Odysseus schaltet das Gefühl nicht aus, aber durch die Herrschaft des Verstandes über das Gefühl unterliegt er ihm nicht.

Fest steht der Gott der Religionnen wie sie ihm uns darstellen genügt nicht; das Absolute der Philosophie auch nicht; das unendliche Grenzen der Wissenschaft auch nicht

Panikkar in "Gottesschweigen". meint: "Die Rettung liegt aber nicht im Gott. Die Rettung liegt in der Weigerung, irgend eine Philosophie zu einer Ideologie zu machen, die gewissermassen Gott zum Mittelpunkt hat""Gott ist der Urgrund jenseits des Seins und deshalb jenseits jeder auch nur theoretische Möglichkeit des Zugriffs".


António da Cunha Duarte Justo,
Vortrag gehalten in der Freien Akademie, Hofgeismar, am 7. 5. 2000

terça-feira, 8 de junho de 2010

JOVENS MUÇULMANOS MAIS VIOLENTOS QUE JOVENS DOUTRAS RELIGIÕES

Investigação sobre a Relação entre Brutalidade e Pertença Religiosa de Jovens de Descendência Migrante
António Justo
Cientistas do Instituto de Investigação de Criminologia do Estado da Baixa Saxónia, na Alemanha, fizeram uma investigação durante dois anos, sobre o comportamento de jovens de descendência migrante, pertencentes a diferentes confissões religiosas. A investigação foi feita em 61 cidades a 45.000 jovens entre os 14 e os 16 anos (10.000 com fundo migrante). Segundo suas informações e de vítimas os delitos centram-se em lesões corporais e roubos.

O resultado a que chega o Estudo, agora apresentado, vem confirmar a opinião popular de que o Islão, ou a sua apresentação, favorecem a violência.

De facto, jovens muçulmanos são mais violentos do que jovens doutras religiões. A quota de maior criminalidade entre os crentes islâmicos “muito religiosos” é de 23,5% e entre os crentes islâmicos “algo religiosos” é de 19,6 %.

A quota, entre os crentes cristãos (maioria de proveniência russa e polaca) é de 12,4% nos “muito religiosos” e de 21,8% entre os “não religiosos”.

Os jovens cristãos quanto mais religiosos são mais pacíficos e menos machistas e no Islão quanto mais religiosos mais violentos e mais machistas.

O criminólogo Christian Pfeiffer verifica que o culto do poder fomenta a violência: “um problema do Islão ou um problema da mediação do Islão”.

A Ministra da Integração do Estado da Baixa Saxónia, Aygül Özkan (de origem turca) diz que “faltam modelos positivos” para os jovens muçulmanos.

Segundo o porta-voz do Estudo, Christian Pfeiffer, a religiosidade muçulmana “fomenta a aceitação de cultura macho”. Na religião e na família os jovens têm o exemplo duma imagem conservadora que afirma o privilégio do homem.

Deu-se uma quebra cultural que levou ao avanço das mulheres e à frustração e agressão do sexo “forte”.

A juventude é vítima, devido, por um lado, ao carácter de Gueto da própria cultura que se fecha em enclaves turcos e, por outro lado, a dificuldades de integração.

Também o Prof. Dr. Rauf Ceylan (de proveniência turca) confirma, em entrevista, que “quanto mais religiosos os jovens são mais desce a identificação com a Alemanha”.

Os jovens são vítimas e agentes da violência.

António da Cunha Duarte Justo

quinta-feira, 27 de maio de 2010

PODER ENTRE LEGITIMAÇÃO E DESLEGITIMAÇÃO

O PODER E O DINHEIRO CORROMPEM
António Justo
A crise do sistema financeiro e político chegou ao rubro. A desconfiança nas instituições e a desilusão acerca da ordem estabelecida conduz à nostalgia duma ordem ideal.

A normalidade do dia a dia manifesta-se num jogo de forças entre potência e fraqueza de grupos e de indivíduos; poder, violência, resistência e inércia são os seus acompanhantes circunstanciais naturais. A normalidade do poder parece dar lugar à normalidade da violência.

Segundo Max Weber “ poder significa a chance de impor a própria vontade também contra resistentes, dentro duma relação social”. O poder estende-se do Estado à família, da posição económica à posição política, social ou psicológica.

A insegurança estrutural em que nos encontramos torna-nos mais conscientes para a nossa situação de impotência. A vontade quer-nos a caminho, a caminho do Sol, contra a rotina do dia a dia, à semelhança do tubérculo que estende o botão na procura da luz do Sol. Toda a natureza se encontra irmanada, a caminho, na consciência de que quem para morre, tal como a água que para apodrece, reduzindo-se a húmus para os outros. Trata-se de andar, por vezes, de seguir o impulso do movimento, como o Hamster na sua roda. “Tudo flúi”.

Poder é a força do embrião que, na sua vontade de encontrar o sol, move o que lhe oferece resistência, do caminho. Poder participa da realidade ‘instintiva’ do embrião na procura do chão através da gravidade e no erguer do tronco na procura do Sol. Na definição da própria identidade está a vontade de Sol, de saber, de verdade, de sexualidade, de transcendência. Não só é tendência e deslocação mas também sentido. O ambiente oferece-lhe resistência o que o obriga a uma certa violência e a entrar numa relação interactiva. A vontade do poder está implícita no desejo da própria vantagem (realização), da subsistência. Potência e impotência andam juntos.

Contra a inércia, contra a entropia surge uma vontade consciente ou inconsciente que resiste à apatia/letargia e desencadeia também o agir do outro. A cultura, os estados, a família surgiram de vontades contra o clima, contra o ambiente, contra a resignação individual… As relações de poder institucionalizam-se e expressam-se em diferentes modelos de ordens sociais ao longo dos tempos (chefes de tribo, reis, presidentes, imperadores, papas). Cada conglomerado social, com os seus biótopos naturais, elabora as suas normas mais ou menos elementares que possibilitam uma relação normal e habitual, com maior ou menor tolerância e capacidade para a iniciativa individual/grupal numa tendência de identificação.

Cada época tem a sua cor local e a sua expressão de poder que condiciona as consciências individuais, seus anseios, satisfações e insatisfações. Cada pessoa nasce numa situação de relação com autoridades, leis, costumes, opinião pública, ideais circundantes, procurando orientar-se e afirmar-se nela e através dela. Vive embebida na norma que o hábito torna normal e evidente num determinado espaço e tempo (biótopo). Adapta-se a esta prisão de mimetismo, do habitual/moda, justificando-a inconscientemente com a necessidade de justificar a sua existência através dum olhar crítico, pela janela do passado ou do futuro. Uma vontade de ser e aparecer afirma-se também contra o caos, contra a inércia do habitual no sentido aparentemente “futuro”, dado pela resistência a tradições ou a novos valores.

A rotina poupa-nos força; é como que o ponto morto entre inspiração e expiração. Nesse ponto se descansa mas apenas para ganhar forças para uma nova caminhada. Tudo tem um ritmo com uma orientação não explícita. As normas e as instituições são as saias da mãe a que o bebé se agarra para se erguer. Por sua vez, a tendência do erguer-se legitima o portador das saias ao exercício da autoridade e até ao abuso do poder contra aquele que as não deixa ou se contenta em continuar gatinhando. No caos dos elementos está presente uma tendência ordeira que possibilita a convivência dos indivíduos no respeito mútuo e pressupõe uma ordem de espiral ascendente. Naturalmente que o desenvolvimento no sentido duma estrutura superior subentende um novo momento de repouso, de caos que possibilita a revolução de alguns contra a normalidade.

O exagero do poder institucionalizado, a sua violência, cria, por sua vez, potencialidades e fomenta a capacidade criativa nos indivíduos, num movimento espiral ascendente de acção-reacção-acção. A actividade da liberdade, que pressupõe a capacidade de dizer sim e de dizer não, é naturalmente condicionada pela formação e informação. A capacidade de reflectir e de descobrir a normalidade distingue-nos do mundo animal e vegetal que permanece encerrado no ciclo vital, num repetir contínuo à maneira das estações do ano. Os nossos hábitos são formados na geografia das estruturas institucionais e no tempo das expressões sociais. O Sol permanece sempre o mesmo, a terra e o tempo também, o que se muda sociológica e individualmente são as estações e nós com elas, em contínuo fluir. A rotina do poder e o poder da rotina são apenas condicionadores recíprocos possibilitadores de ciclones e anticiclones, de Verão e de Inverno. A regularidade das estações traz com elas o elemento revolucionário, apenas momentâneo na preparação da próxima estação. (Os revolucionários que tivemos até hoje, com a excepção do Mestre da Galileia não passaram de árvores de folha caduca que se alimentaram do humos da carência e da ignorância do próximo.)

Temos o pretensiosismo de contradizer o Inverno com se o progresso não fosse apenas o passado visto da perspectiva dum outro momento (estação), em diferido. Todos nós procuramos segurança e orientação (ordem social) uns olhando mais para o retrovisor e outros fixando-se mais no sentido do pára-brisas, não notando porém o que se encontra para lá do retrovisor e do pára-brisas. Vivemos da luta contra a vontade alienadora do passado ou contra a vontade alienante do futuro tornando-nos assim incapacitados para reconhecer a realidade para além da perspectiva do móvel; sim porque a realidade é aperspectiva. Abdicamos da capacidade de nos transformar transformando e fixamo-nos apenas numa dinâmica do poder do passado e do poder do futuro numa linha de tempo linear ou cíclico.

Uma identidade aberta que transcenda os condicionantes rotineiros, pode abrir uma brecha na rotina através da reflexão ou de contradição, uma brecha para lá do retrovisor e do pára-brisas que conduza a uma nova identidade na complementaridade.

É natural que as diferentes estruturas de personalidades (‘boas/más’) e a sua reacção em diferentes situações não são moralmente determináveis, a nível científico; de facto personalidades mais positivas podem reagir como as mais negativas; há momentos de dissonância em toda a pessoa (“pecado original”). É difícil ter-se uma imagem realista das condições de origem do bem e do mal. Daqui a dificuldade da adequação de castigo e a questão da liberdade ou determinismo de comportamentos e a consequente dificuldade de julgar. O Homem é um ser em processo entre natura e cultura e o poder uma sua constante.


As instituições domesticam o poder ou deveriam domesticá-lo contra toda a prepotência interna e externa. O abuso dos chefes tribais, as guerras civis foram evitadas com a instituição do monopólio do poder do Estado. A justiça passou do foro privado para o público. As pessoas não são santas nem anjos precisam de controlo e de instituições com a divisão de poderes. O problema mais que nas instituições está na falta de moralidade do Estado e dos seus representantes. Estes, alheios à honra e à dignidade humana, conseguem defraudar a república instaurando nela as suas coutadas. É um dado científico que o dinheiro e o poder em regra corrompem. O Estado tem instâncias de controlo dos poderosos mas estas não funcionam. O problema maior está no facto de serem os poderosos os membros das instâncias de controlo!

O sentido do estado vem da necessidade do povo se organizar num determinado espaço para manter a justiça e defender-se de agressores. Para Blaise Pascal ”a justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica”. Uma solução de conflitos, a um nível de justiça equitativa, precisa dum espaço também para a impotência política, para aqueles que não têm voz. A impotência da justiça é a oportunidade do mais forte.

Platão desenvolve a teoria da justiça contra a alegação sofista do direito do mais forte. Poder e vontade de viver andam juntos. Platão apela para o domínio do corpo (paixões) através da alma (virtudes). Thomas Hobbes vê na condição humana o seu ser de lobo contra os outros (Homo homini lupus!). Segundo ele, este só pode ser dominado pela razão e através dum Estado poderoso. Com a criação da instituição a legitimação do poder não fica abandonada às forças da natureza, ao mais forte. A legitimação do poder através de Deus ou do povo é organizada em regras do poder estatal. Aqui o direito do mais forte ou do grupo é contrabalançado com o direito do indivíduo, com o direito privado. O indivíduo abdica do poder de fazer justiça pelas próprias mãos outorgando o poder individual no Estado. O Estado, em contrapartida, promete garantir o exercício da liberdade a todos. O abuso do poder por parte dos governantes e seus iguais deslegitima-os levando o cidadão à desobediência cívica e à formação de grupos guerrilha, como era o caso antes do estado de direito, a uma regressão aos tempos bárbaros. Para Aristóteles o Homem é o zoon politikon. Violência acontece onde não há relação, onde não acontece reconhecimento.

Rousseau contradiz Hobbes afirmando que o Homem é, por natureza, bom, e que a sociedade é que o estraga. Esta visão romântica tem um sentido apenas corrector da redução do homem a lobo. De facto uma cidadania ovina continua a desconhecer a realidade do cordeiro e do lobo no ribeiro do Estado.

Cooperação é também uma estratégia da sobrevivência e não apenas a lei da selecção natural como queria erradamente o darwinismo social. Até as plantas mostram uma certa sociabilidade na distribuição das raízes no solo. Afirmação, resistência e cooperação fazem parte da mesma realidade. Sem a aspiração para a luz, sem o poder não haveria acção. A experiência mostra-nos violência e poder, numa relação ambivalente. No poder está o reconhecimento do outro e a consciência do nós. Daí a necessidade de reconhecer poder ao outro, seja ele embora o mais pequeno. Uma árvore frondosa deve ser consciente da sombra que faz aos arbustos que impede crescer debaixo dela. Uma república adulta terá de reconhecer a realidade dos vários biótopos que tem capacitando-os para agir e não só para reagir. Aos seus representantes não chega a legitimação exterior através dos votos, eles terão de ser modelos íntegros de ética aplicada. A crise de hoje tem também a ver com uma mentalidade parasita de adaptados sem personalidades exemplares. O sistema não suporta personalidades e vive duma mediania fomentadora de oportunistas espertos e não de inteligências.

Há um abismo entre um discurso fundamental e um discurso situacional, moral prático. Ética e política aplicadas encontram-se muito distantes daquele. O direito deveria estar ao serviço do bem-comum e limitar o poder. “A confiança é boa mas o controlo é melhor”. O poder corrompe porque quanto mais se tem mais se quer ter. Urge distribuir o poder porque poder e dinheiro em demasia estragam o carácter. Actualmente, na Europa o poder político e jurídico não tem o poder de limitar os poderosos; estes apoderaram-se das instituições e adaptaram-nas ao seu formato; as nações encontram-se, por isso, a caminho do desastre. Os políticos com os poderosos não podem solucionar o problema porque são parte dele.

Apesar da situação crítica em que nos encontramos, se não houvesse instituições não haveria continuidade; elas são como que a estrada onde o móvel (indivíduo e cultura) passa. A instituição global mais antiga da humanidade, a Igreja Católica, é perita em preservar a memória e pretende englobar o tempo linear e o tempo cíclico, o espaço e o tempo, a imanência e a transcendência como prevê a fórmula da trindade. O seu problema está sempre na resistência que oferece a um presente com as suas certezas de dia a dia. Sem instituição não haveria memória e deixaria de haver a transmissão do facho cultural duma geração à outra. A percepção do presente só é possível no âmbito de percepção do passado e do futuro sem descurar a realidade em que assenta a paisagem. A instituição, tal como o poder devem estar presentes na consciência quotidiana mas só em segundo plano, doutro modo tornam-se em ameaça à liberdade do membro. A presença do poder (instituição / pessoa) deve ser discreta e nunca tornar marginal a presença do indivíduo. O poder como o indivíduo encontram-se numa relação mútua de serviço à comunidade e seus valores. A pessoa é a alma da instituição.

O indivíduo só o é no e com o grupo, precisando de quem o represente numa ordem de valores e interesses comuns. Em si o indivíduo não deveria estar acima do grupo nem vice-versa, como podemos ver na fórmula trinitária de 3=1. O Homem não é “a medida de todas as coisas” como queria Protágoras. O Homem só é todo com todas as coisas.

A complexidade social aliada à velocidade duma vida acelerada provoca nos governados e governantes incapacidades de diálogo fomentando no povo uma consciência saudosista retrógrada e na política um activismo progressista leviano. A contínua mudança não permite a reflexão da experiência feita. As mudanças das condições sociais dão-se tão rapidamente que impedem a responsabilidade política, social e individual. Uma luta pela imposição de interesses específicos distrai a nação duma ocupação objectiva e desperdiçam-se as energias em discussões estéreis pelo poder. O sucesso de uns não pode acontecer à custa dos outros, como é costume. Respeito e reconhecimento de parte a parte; um estado paternalista não possibilita uma relação equilibrada entre os cidadãos. Para uma relação integral do Homem e da sociedade não chega já o diálogo é necessária uma ortopraxia do triálogo numa relação de união eu-tu-nós! Nesta realidade nova, ninguém é igual ao outro mas torna-se através do outro.

©António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
antoniocunhajusto@googlemail.com