segunda-feira, 26 de maio de 2008

Quaresma – Tempo da Introspecção


Quaresma é o tempo da purificação e da paixão, da paixão da esperança.

A fome espiritual e a abertura para a religião, a poesia são cada vez maiores. Quaresma ainda tem para muitas pessoas o sabor a bafio e a tristeza. Naturalmente que cada época e cada pessoa tem a sua necessidade de libertação específica vendo e interpretando os acontecimentos bíblicos e do mundo segundo os próprios óculos e o instrumentário disponível.

Quaresma e paixão são o tempo da esperança e não da morte. Deus não quer expiação mas a liberdade e o amor da relação. Deus não é cruel e não exige morte expiatória como por vezes se pode dar a entender com antropomorfismos indevidos que correm o perigo de cimentar a crueldade humana ao projectar em Deus o seu sentimento de vingança.

Aqui trata-se de encontrar e desenvolver o homem justo no meio dum mundo de intrigas tal como o filosofo Platão já previa 400 anos antes de Cristo ao profetizar a sua morte na cruz..

Deus é amor e o amor é mais poderoso do que a culpa e do que a dor. Esta é a mensagem da Quaresma e da paixão. O tema da culpa e do sofrimento foi exagerado em algumas épocas do cristianismo. A cruz é o símbolo e o convite a rasgar a factura da culpa. O nosso saldo está em crédito e não em débito. A paixão de Cristo é uma recusa ao masoquismo e à mortificação de tanatofilos.

Contribuirei aqui com alguns textos para compreensão da tradição e da sua mensagem libertadora. Missão da teologia é traduzir e interpretar no diálogo com as épocas, as religiões e mundivisões em geral na procura de caminhos integrais possibilitadores do peregrinar a todo o ser humano esteja ele onde estiver.

A caminho, todos precisamos de albergues onde repousar…
A Quaresma pode ser um tempo albergue onde para além das terapias normais se tenha acesso à fonte espiritual, aquela fonte criativa no fundo de cada um de nós. A Quaresma é o tempo da purificação interior, o tempo do treino para a liberdade interior. O lugar da libertação onde tudo é processo, onde ninguém é julgado nem condenado.
António Justo
2007-03-13
António da Cunha Duarte Justo

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