segunda-feira, 29 de abril de 2024

REVANCHISMO DA HISTÓRIA EM PLENA ACÇÃO CONTRA O OCIDENTE

 O Presidente Rebelo de Sousa juntou-lhe o seu Pó de Mostarda

 

Segundo noticiou a Reuters, Rebelo de Sousa declarou a correspondentes estrangeiros, nas vésperas da comemoração do 50° aniversário do 25 de Abril, que Portugal era responsável pelos crimes cometidos durante a escravidão transatlântica e a era colonial, e sugeriu que havia necessidade de reparações... "Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, disse irresponsável e levianamente o Presidente o Presidente...

Como pode um país assumir reparações em relação ao colonialismo do passado se nem sequer os políticos de hoje são responsabilizados perante o país a nível de legislação por possíveis medidas e actos que, por vezes, praticam em desfavor do país e contra o seu povo ou por ações nefastas noutros países através das suas empresas e intervenções?

Numa altura em que precisaríamos de medidas que fomentassem a harmonia entre povos levantam-se os espíritos malignos do revanchismo sendo todos eles, sintomaticamente, contra a civilização ocidental. A era colonial não precisa de ser fonte de orgulho excessivo e menos ainda motivo de revanchismo. Por outro lado, conversa fiada para se julgar no pelotão moral da frente poderia tornar-se num eufemismo de sentimentos de caracter saudosista quando não imperialista, além de fomentadora de reivindicações disparatadas por parte de manipuladores da História!...

 É preciso reconhecer os erros do passado e o abominável mal feito, mas não reactivá-lo de modo a provocar um incêndio internacional de que nenhuma nação ou povo estaria isento. Isto só serviria os activistas de ideologias empenhadas na desmontagem da sociedade europeia...

 Num contexto de revanchismo contra a Europa surgem perguntas ao senhor presidente e a quem pensa como ele: 

Queremos começar agora a exigir da França pelos roubos e crimes cometidos contra as populações portuguesas durante as invasões francesas?

Vamos exigir da Espanha a restituição de Olivença?

Quem fala do milhão de escravas e escravos europeus feita pelo corso muçulmano norte-africano na Europa?

Vai-se pedir indemnização ao 25 de Abril por portugueses mortos devido ao abandono dos portugueses deixados ao Deus dará em África? E a questão esquecida dos retornados e dos soldados mortos em serviço do país?

Será que queremos ter direito a reaver Cabo Verde e São Tomé e Príncipe povoados pelos portugueses?

Que reparações terão de fazer os países colonizados pelos espólios deixados pelos colonos bem como pelos serviços prestados a essas culturas?

Deve o dinheiro dos impostos do cidadão de hoje ser utilizado por erros de políticos de outrora? Será que as retribuições terão de ser pagas pelas classes políticas dirigentes de outrora e seus continuadores no presente?

Será que Portugal quer introduzir o princípio da justiça na História tendo para isso ter de ser posto a leilão? Não seria a aplicação de tal princípio a causa de novas guerras? Que interesses legitimam políticos a declarar uma culpa colectiva a um povo?

Ao serviço de quem se encontram os revanchistas e desconstrutores do passado europeu? ...

O colonialismo nórdico teve outras dimensões de caracter estrutural e tem interesses atuais de outra natureza e categoria nas regiões das antigas colónias não comparáveis com o dos portugueses pelo que não poderão ser tomados como exemplo nas suas iniciativas de reparações...

Não se trata aqui de criticar uma visão fundamentalista com outra visão fundamentalista, mas sim de refletirmos sobre um assunto que poderia ser oportuno e assim impedirmos de se substituir o velho colonialismo por um imperialismo moralista...

Encarar e reconhecer o passado com responsabilidade será a melhor maneira de preparar um presente e um futuro responsável; neste sentido poderá a História ser mestra da vida!

 

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em  Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=9199

 

 

sexta-feira, 22 de março de 2024

Vingança não pode tornar-se em Fundamento quer da Lei quer da Ética

 

UNIÃO EUROPEIA NO MAU CAMINHO AO QUERER IGUALAR LEI E MORAL

 

Ursula von der Leyen quer empregar os lucros do investimento provenientes de activos russos, que a EU congelou no seu espaço, para comprar armas para a Ucrânia. Na Bélgica encontram-se 200 mil milhões de euros do banco central russo, que em 2023 obteve 4,4 mil milhões de lucros.

A UE quer aplicar uma moral construída ad hoc para se vingar da invasão russa. O activismo parece ser o seu movente em vez da atitude nobre e racional. Como pode a UE justificar-se depois da guerra em tribunal se a moral não é objecto de aplicação legislativa! Com esta medida em termos legais a UE ficaria no banco dos réus ao lado da Rússia que a UE condena por lesar direito internacional!

Por que não fazer uso da paciência e não esperar para o fim da guerra geopolítica na Ucrânia para então se proceder à distribuição das reparações a fazer? Tem a UE a necessidade de usar armas contra os russos empregando para isso dinheiro russo? Não se trata aqui de defender alguém, mas de se manter a decência em relação à lei e à moralidade!

Como refere The European, “os bens dos Estados gozam de imunidade ou são pelo menos protegidos de expropriação sem indemnização...

Lei e moral querem-se de mãos dadas não devendo ser aplicadas uma contra a outra. Por trás destas tentativas expressa-se uma consciência decadente e no fundo arbitrária e antidemocrática.

António CD Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9179

LEI ALEMÃ CONTRA O CASAMENTO INFANTIL A CAMINHO


O governo federal está preparando uma lei contra o casamento infantil na Alemanha.

O Tribunal Constitucional Federal tinha declarado que o regulamento anterior era incompatível com a lei.

O “novo regulamento constitucional que expressa claramente a proibição do casamento de menores” estipula que os casamentos celebrados no estrangeiro continuarão a ser inválidos na Alemanha se um dos cônjuges tiver menos de 16 anos no momento do casamento!

Países que ainda não regularam os casamentos infantis são coniventes com o abuso, a exploração de menores e o desrespeito da dignidade humana.

António CD Justo

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9173

NO DIA DA POESIA

 

NO DIA DA POESIA

 

Neste dia dedicado à poesia,

Meu ser junta as mãos em harmonia,

A querer ser o que não tenho

A querer ter o que não sou

 

Poesia, meu manto de cores curvadas

Com subtis rendas de dores continuadas

Em ti, abrigo a voz que se esvai,

Na saudade que o ferido peito distrai.

 

A magia de um sol prestes a despontar,

Na esquina de um verso por descrever

Se esconde uma vida por desencantar 

Num jogo das escondidas a querer recomeçar.

 

Um rosto lindo surge, na distância

Num horizonte de azul em abundância

Mas tarda em mostrar-se por inteiro,

Nesse azul escondido, verdadeiro.

 

Tu és eu, sou tu, água em vapor,

Juntos ascendemos, sem temor.

A um céu matizado de arco-íris,

Ah! Meu azul na nuvem enrolado!

 

Amor que me embriaga de tanto sofrer

Tu em gestos fugazes segues ao lado

E eu desfeito em acenos de mágoa fecunda,

De não te encontrar, na busca profunda.

 

Oh saudade que em mim se embala

Em ti abrigo a voz da tristeza que cala.

Minha vida esvaída por caminhos magoados

Na procura de uma área de descanso

 

Que as desrimas tecidas nesta poesia,

Encontrem eco na alma, de quem confia

Assim brindo a ti, amor que me conheces

Na eterna dança da poesia que me aquece.

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo: http://poesiajusto.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de março de 2024

11 ANOS DE PONTIFICADO DE FRANCISCO

Parabéns ao Santo Padre e desejos de muita saúde para também poder coroar a caminhada que iniciou com o “Caminho Sinodal” com sucesso para o bem de toda a Igreja.

 

Aniversário da eleição do Cardeal Jorge Mário Bergoglio para Papa a 13.03.2013. Com o início do seu papado o eixo da história movimentou-se para Sul iniciando-se também um mundo multipolar. Inicia-se uma época que nos obriga a sermos mais regrados no ter para podermos todos ser mais!

 

Francisco interferiu em todas vertentes que hoje preocupam a humanidade com escritos como três encíclicas:

 

Luz da Fé (Lumen Fidei), de 2013 sobre a fé e que recolhe reflexões de Bento XVI

 

Louvado sejas (Laudato si) de 2015 sobre o cuidado da casa comum

 

Irmãos todos (Fratelli tutti) de 2020 sobre Fraternidade e Amizade social: propõe acções globais que superem as contradições do presente:  “De fato, quem não ama o próprio irmão a quem vê, não pode amar a Deus que não vê” (1Jo 4,20).

 

Escreveu também as exortações apostólicas: A alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium)

 

A alegria do amor (Amores Laetitia)

 

Cristo vive (Christus vivit) aos jovens e a todo o povo de Deus

 

Querida Amazónia, exortação Pós-Sinodal dirigida ao Povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade.

 

As encíclicas encontram-se em várias línguas no seguinte Link: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals.html

 

Vale a pena ler para se entrar melhor no espírito do Papa Francisco

 

António CD Justo

 

Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9167

terça-feira, 12 de março de 2024

O PAPA APELA A NEGOCIAÇÕES CONTRARIANDO A VONTADE DA NATO

 

Da Interpretação errónea das Declarações do Papa Francisco

 

No início de fevereiro, numa entrevista recentemente publicada na televisão suíça, sem nomear nenhuma das duas partes em conflito, (a Rússia ou a Ucrânia), o Papa apelou para negociações e disse: "Quando virem que estão a ser derrotados, que as coisas não estão a correr bem, devem ter a coragem de negociar". "Não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem". "As negociações nunca são uma capitulação", disse o Papa.

Quando o entrevistador lhe perguntou se, por vezes, „não será preciso coragem para levantar a bandeira branca”, o Papa respondeu: "É uma questão de perspetiva. Mas penso que a pessoa mais forte é aquela que reconhece a situação, que pensa nas pessoas, que tem a coragem de levantar a bandeira branca de negociar".

O Papa não disse que a Ucrânia devia render-se, mas as declarações, pelo significado e influência que têm, provocaram grande polémica no meio político e nos meios de comunicação social. A expressão „ içar a bandeira branca" foi utilizado pelo entrevistador e o estranho é que políticos e jornalistas - à maneira política pós-factual - se tenham agarrado a essa expressão sem prestarem atenção ao que o Papa realmente disse, para assim colocarem a questão em fora de jogo...

Sabiamente, o Papa recusou-se desde o início da guerra a jogar apenas a cartada dos países da NATO porque conhecia também as cartas da Rússia e o que há dezenas de anos ia acontecendo na Ucrânia...

Em vez das palavras do sumo pontífice terem provocado na política e na opinião pública publicada, uma discussão argumentativa e factual sobre causas e consequências, tudo reage em conjunto como se fossem beligerantes...

Os mesmos que acusam o Patriarca ortodoxo de Moscovo Cirilo de apoiar a política do sistema russo interferem agora na opinião pública ocidental criticando o facto do Papa Francisco não apoiar a política dos EUA/NATO/EU...

Os membros da NATO teriam desejado que o Pontífice reforçasse a sua vontade de guerra para assim se tornar cúmplice e fortalecedor da propaganda noticiosa em via. As autoridades de Kiev reagiram como do costume, dado o seu credo partir do pressuposto que se encontraram do lado do bem e terem de “matar o dragão”! ...

Seria mau e lamentável se representantes das comunidades religiosas se deixassem envolver nesta guerra demasiado complexa como participantes do conflito, como fez o Patriarcado de Moscovo e um bispo ou outro evangélico e indiretamente algum católico...

Ao contrário de políticos europeus (EU) que estão a sustentar uma guerra por procuração, o Papa está a defender os genuínos interesses da Europa e do seu povo nesta guerra geopolítica que está a ter lugar na Europa e só vem beneficiar os EUA e prejudicar também futuramente a Europa toda.

O Vaticano não persegue interesses políticos de poder e num momento de conflito internacional pior que o conflito de Cuba pretende evitar a escalada para uma guerra terceira mundial, a ser preparada às escondidas. Que católicos tomem posição num sentido ou noutro faz parte da liberdade da consciência católica.

O Papa tem de permanecer neutro (por saber que a verdade não está nem num polo nem no outro) e para isso tem de manter uma posição aberta às razões dos dois lados pois o seu compromisso é de ordem superior: o empenho pela paz alcançado através de leis e conversações e a justiça. Em política não há o lado bom nem o lado mau porque a sua lógica é a defesa de interesses...

A tática de o Ocidente identificar a Rússia com a União Soviética é manipulativa e falsa: é como comparar a Alemanha atual com o regime nazista...

A abordagem da responsabilidade da guerra na Ucrânia terá de ser colocada no contexto dos interesses geoestratégicos nato/Rússia e de parte da população ucraniana que apoiava a Rússia e a outra parte que apoiava a NATO e a EU...

Em abono da verdade, jornais alemães citam, Sahra Wagenknecht, copresidente do partido BSW que afirmou: "O apelo do Papa para que se iniciem finalmente negociações de paz para pôr fim à guerra na Ucrânia é corajoso e sensato". Francisco leva a sério a mensagem de paz do cristianismo e criticá-lo é uma falta de respeito. "Há muito tempo que a guerra na Ucrânia já não se trata de ganhar, mas apenas de morrer", disse a presidente do partido.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9163

sexta-feira, 8 de março de 2024

DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES – VALE A PENA LUTAR

 

Luta por uma Matriz mental e social integradora da Masculinidade e da Feminilidade

 

A nossa sociedade é dirigida por uma matriz (baseada no patriarcado) que não age nem cede nada de graça nem com amabilidade – a sua causa é a competição, o lucro e não a simpatia – e por isso, enquanto não se criar uma matriz político-social justa a luta torna-se num imperativo, valendo a pena lutar por boas causas...

Continua também a haver abusos e violências, como mutilação genital, definição da feminilidade em serviço de funções sociais, etc....

O caminho certo seria o reconhecimento da complementaridade equitativa nos princípios da feminilidade e da masculinidade sendo para isso necessária uma transformação dos princípios orientadores da nossa sociedade...

A luta contra a matriz social masculina é inteiramente justificada porque não existe uma matriz de pensamento intelectual e social onde a masculinidade e a feminilidade se integrem e atuem de forma inclusiva e integral!...

Mas isto ocorre, em grande parte, porque o Estado não trata a feminilidade na sociedade da mesma forma que trata a masculinidade de caracter meramente funcional produtivo e técnico. O Estado e com ele os regimes políticos procuram impor à sociedade a matriz masculina porque a sua orgânica é toda ela baseada na masculinidade exacerbada. Áreas onde é necessária mais humanidade, como cuidados, são mal remuneradas e, portanto, muitas vezes deixadas para mulheres estrangeiras ou pessoas de condição social estanque...

Uma matriz social equilibrada de feminilidade e masculinidade, com o amor e a empatia como meta, teria então espaço para pessoas que esperam e acreditam. Nada surge do nada e se continuarmos a contar apenas com a matriz masculina continuaremos a precisar de lutas mais sustentáveis...

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em: Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=9150