25 de Dezembro é a Celebração litúrgica do Nascimento de Jesus
António Justo
Para os cristãos o
Natal recorda o evento em que Deus se oferece por amor à humanidade; por seu
lado as pessoas rejubilam de alegria e em boas festas de gratidão oferecendo
também elas presentes umas às outras.
Dar e ofertar é uma tradição antiga, moldada por diferentes épocas e
diferentes culturas. Faz também parte da espiritualidade cristã e indiana.
Para os cristãos, o Natal é
o início do tempo da reconciliação de Deus com o mundo.
Uma origem do hábito das ofertas de Natal vem da realidade de Deus amar
tanto a humanidade que lhe entrega Seu Filho, como diz o versículo bíblico ao
referir-se ao Natal: "Assim amou Deus o mundo"!
A tradição das ofertas no Natal representa e presencializa a verdadeira
prenda de Natal: Deus dá-se por amor e
graça sem esperar nada em troca.
O simbolismo do dar e oferecer recorda-nos também a origem da história do
Natal, onde os três Reis Magos vieram ao encontro do nascimento de Jesus para o
honrar, oferecendo-lhe ouro, incenso e mirra como expressão de amor,
reconhecimento e amizade.
No final do ano, os romanos também celebravam a chamada Saturnalia (festa
em honra do Deus Saturno). Nesta festa os ricos davam presentes aos pobres.
Exatamente no dia 25 de dezembro, a partir do ano 274 começou a ser celebrado
também o aniversário do deus Mitra (Dies solis invicti). Esta festividade foi introduzida
como feriado pelo Imperador Aureliano.
Antes de ser fixado o
nascimento de Jesus em 25 de dezembro, era inicialmente celebrado em diferentes
datas conforme os métodos optados pelas diferentes igrejas cristãs para a determinação
do seu nascimento (recenseamento romano ou a partir dos acontecimentos da
Páscoa). Desde 336 o Natal encontra-se documentado em Roma como feriado
litúrgico (1).
O objetivo da Igreja sempre foi ganhar
pagãos para o Cristianismo e segundo alguns autores, a Igreja decidiu
dedicar a festa litúrgica do aniversário de Jesus a 25 de dezembro, em vez do solstício de Inverno.
Há muito a dizer e que explica o facto de os Padres da Igreja terem
organizado a celebração do nascimento de Jesus nestas celebrações; isto tem a
ver não só com a inculturação, mas também com a aculturação em relação a
hábitos e tradições dos povos e à necessidade das diferentes interpretações
também relativas aos dados históricos.
Com o nascimento de Jesus, o
dar de presente ganhou um novo significado. É a
redenção que se manifesta no facto de que Deus se torna um de nós e um para
nós. Os presentes de Natal simbolizam este presente de Deus. De acordo com
a fé cristã, as pessoas já participam do Reino de Deus na terra.
O filósofo Josef
Pieper disse uma vez: "O amor é o dom original. Tudo o que de outra forma nos
pode ser dado imerecidamente torna-se um dom apenas através dele (amor) (2)".
Dar e receber cultiva a relação e influencia o vínculo social; move
sentimentos positivos entre aqueles que dão e aqueles que recebem os dons. É um
modo de se mostrar amor e apreço uns pelos outros.
A festa da Alegria e da
família encontra muitos críticos que encontram em tudo pretextos para criticar,
não aceitam o que é gratuito passando tudo pelo crivo da sua razão como se lhes
incomodasse tudo o que é festa, aquilo que vem do coração! As
pessoas felizes tendem a dar mais, e em geral pensam positivamente e cultivam o
bom humor; mostram através da sua alegria, a radiação do reino de Deus na
terra.
Um estudo da Harvard Business School (3) descobriu que "pessoas felizes
dão mais do que pessoas infelizes e que dar leva realmente a mais felicidade e
que esses dois relacionamentos podem funcionar de forma circular".
"Altruísmo" é uma palavra-chave importante neste contexto.
Gratidão é também sentir-se trazido nos braços de Alguém sem saber porquê.
© António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
(Este Texto é parte de uma palestra que fiz na Sociedade
Alemã-Indiana)
Notas em Pegadas
do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5751
(1)
Tertuliano (200
d.C.), equiparou o 14º Nissan do calendário lunissolar judeu com o 25º de março
do calendário solar romano, tido pelos cristãos, como o primeiro dia da criação.
Hipólito de Roma, (170-235) coloca o nascimento de Jesus no dia de sua morte, o
dia 14 de Nissan ou seja o dia 25 de março.
Clemente de Alexandria relata (no início do século III) várias datas em que o
nascimento de Jesus Cristo era celebrado. Alguns celebraram a festa no dia ,25
de Pachon (20 de maio do calendário romano), outros no dia 25 de abril (20 de
abril), outros ainda celebraram o batismo de Cristo no dia 15 ou 11 de janeiro,
ou seja, no dia 10 ou 6 de janeiro (cf. Vikipedia). Ainda hoje os arménios
celebram o nascimento a 5 e 6 de janeiro, na Igreja georgiana de 25 e 26 de
dezembro. A cópia de uma antiga liturgia palestiniana enumera a liturgia de
Natal de 16 a 28 de maio. Evangelho:
"Naqueles dias, o Imperador Augusto emitiu a ordem para colocar
todos os habitantes do império em listas de impostos no tempo em que Quirino
era governador da Síria. Todos foram à sua cidade para se registarem. / Assim
também José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, à Judeia, na cidade de
David, chamada Belém, porque era da casa e da família de David. Ele queria ser
registrado com Maria, sua noiva, que esperava uma criança. Quando lá chegaram,
chegou a hora de Maria dar à luz, e ela deu à luz seu filho, o primogênito.
Envolveu-o em fraldas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para
ela na estalagem."(Lc 2,1-7)
(2) Das Geburt Jesus: http://www.weihnachten-ist-geburtstag.de/weihnachten-ist-geburtstag/weihnachten/
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