UNIÃO EUROPEIA -
UM PROJECTO DOS PAÍSES GRANDES PARA OS GRANDES - POLÍTICA DE ASILO
Por António Justo
A União Europeia, ao criar a Zona
euro, levou em conta a destruição das economias dos seus membros da periferia.
Agora os países de economia forte, como a Alemanha, atraem os refugiados da
guerra e da pobreza e não querem assumir, sozinhos, as consequências da
situação criada em África.
A Alemanha por
razões humanitárias, de mercado de trabalho e de envelhecimento da população,
abriu as fronteiras aos refugiados sem consultar os parceiros europeus
provocando uma corrosão do direito que até então regulava a entrada livre, sem
controlo de passaportes, só para os países da comunidade. Agora sente-se
invadida por mais de um milhão de refugiados em 2015. Como motora da EU,
pressiona os seus parceiros no sentido de abdicarem do poder soberano nacional
em questões de direito de asilo e fortalecer as fronteiras dos países
limites da EU sem compensações para os países em situação precária também devida
à sua posição geográfica e à reduzida população.. Querem ver o direito de asilo
centralizado, que seja
regulado pela EU e não pelos estados nacionais. Na lógica de atenção aos
grandes, o direito de asilo, a criar, deve salvaguardar excepções para a Inglaterra
e para a Dinamarca.
Agora que as potências europeias
ricas sofrem as consequências, da sua má política, no êxodo de povos para os
seus países, pretendem distribuir os gastos da sua integração pelas “aldeias”
tentando elaborar um compromisso que implicará novas regulamentações e também a
obrigação de cada país membro aceitar um contingente de refugiados a determinar
anualmente por Bruxelas na sua política de colonos. Pretende-se alcançar um
compromisso até finais de Junho.
Países distraídos e subservientes
(devido à corrupção da classe política comprometida que têm) costumam aceitar,
em troca de um “prato de lentilhas”, à margem do povo, as regulamentações de
Bruxelas sem precaverem as consequências que com elas acarretam para o país.
Enquanto os
portugueses se esgotam numa discussão pública partidária esgotante que se pode
resumir no mote “o meu partido é menos corrupto que o teu” ou na presunção
pessoal “o meu é maior que o teu”, os países ricos da EU trabalham no seu interesse
implementando leis que Portugal assina sem discussão e depois o povo e bem
pensantes ainda têm a arrogância de dizer que o governo da Alemanha é egoísta
por ter olhado pelos seus interesses enquanto a política portuguesa e a opinião
pública se contenta com o cantar da cigarra!
Por um lado
assiste-se à emigração de pessoal jovem qualificado dos países da periferia
(que gastaram imenso dinheiro na sua formação académica) para os países ricos
da Europa e estes, que ganham com a guerra e a miséria do povo das regiões
muçulmanas, querem, por outro lado, impor aos países carenciados que aceitem o
pessoal desqualificado vindo daquelas regiões.
As grandes potências europeias,
em colaboração com os USA, fazem o negócio com a exportação de armas em lugares
de conflito e com a exploração das matérias-primas africanas, provocando,
juntamente com os contraentes regionais muçulmanos sunitas e xiitas, o êxodo de
milhões de cidadãos.
A Alemanha, com o caos inesperado
dos refugiados em casa, procura defender-se, com Bruxelas, e tentar distribuir os males pelas aldeias,
tentando para isso implementar medidas e directivas que imponham os interesses
estratégicos, políticos, económicos e geográficos dos países do núcleo contra
os da periferia; interesses económicos e estratégicos do centro norte que são
antagónicos aos da periferia e que esta mais tarde pagará caro.
Infelizmente,
cada país procura na EU as suas vantagens e quem dorme perde o comboio. O
núcleo criou o alargamento do seu mercado de alta tecnologia e máquinas para
países como a China à custa de estes poderem concorrer com os seus produtos com
as economias fracas periféricas. Antes os países fortes em tecnologia recebiam
têxteis, peixe, manufacturados e produtos agrícolas de Portugal e de outros
países da margem em troca da sua maquinaria para depois com o mercado aberto da
UE passarem a receber esses produtos directamente da China por serem mais
baratos do que os portugueses; as pequenas e médias empresas portuguesas foram
destruídas por não poderem concorrer com o mercado barato chinês. Quem pagou,
em grande parte, a factura da entrada dos alemães no mercado chinês foram os
portugueses e os países da periferia. Agora com a política de imigração em
via, a Alemanha e outras potências preparam-se para ganhar a próxima guerra da
concorrência social entre as camadas desprotegidas dos países membros.
Uma sociedade não pode ser
governada apenas por interesses económicos; uma EU que se preocupa apenas com
os interesses imediatos das suas potências fortes não é digna da cultura
europeia donde nasceu; precisa de voltar a uma ética de base cristã que defenda
o amor ao próximo, ao estrangeiro e a misericórdia para com todos. Uma política
imposta, de cima para baixo, por interesses estratégicos de algumas potências
europeias fomenta o cepticismo e ameaça a coesão dos 28 países.
António da Cunha
Duarte Justo
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