A Luta subsidia os Lutadores e
desfavorece os Pacíficos
António Justo
O mundo tornou-se
num palco da guerra económica e ideológica entre as zonas de influência
socialista da China e da Rússia e as zonas de influência capitalista dos USA. Também socialmente
tem-se a impressão que nos encontramos em tempos pré-bélicos. Por todo o lado
se propaga uma cultura da violência física e psíquica.
De um lado temos o capitalismo de
raiz protestante fomentador das filosofias idealistas do liberalismo e do outro
lado o socialismo de raiz materialista Marx-Lenine-Estaline-Mao. O muro da
divisão encontra-se também no seio das sociedades. Se olhamos para a América
latina, o “fascismo” de esquerda e de direita debatem-se aferradamente, sem consideração
pelo destino do povo.
Nas zonas de antagonismos internacionais, como
o conflito da Síria, dão-se as lutas pela aquisição de zonas de influência dos
USA e da Rússia e da Turquia e Irão (islão sunita e islão xiita). De maneira agressiva,
mas sub-reptícia, esta luta dá-se entre o capitalismo (USA) e socialismo
(Rússia e CHINA) na América latina. Uma luta que é promovida pelo turbo-capitalismo
e pelo socialismo, a acontecer à custa e em nome do povo e dos pobres, mas
apenas em benefício de capitalistas e de socialistas. De facto, o socialismo
real cria pobreza e o capitalismo liberal cria alguns novos ricos à custa da
muita pobreza de muito povo. De um lado, temos falanges em nome da economia e, do
outro, as falanges em nome da ideologia.
A sociedade
precisaria de uma terceira via entre socialismo e capitalismo que poderia
partir da doutrina social da Igreja que contempla a inclusão dos dois
contraentes numa perspectiva de
complementaridade ao serviço da pessoa e do bem comum; a doutrina social católica
possui um fundamento intelectual mais abrangente (A economia social de mercado,
que ao surgir tinha uma conotação católica conjuga o desempenho económico com o
progresso social garantido).
Enquanto
continuarmos a ser ferrenhos apoiantes de um sistema contra o outro (socialista
ou capitalista), reduzimo-nos à qualidade de pequenos soldados mercenários da
palavra a servir a guerra socialista e a guerra capitalista sob o pretexto de
se querer servira a paz e a razão.
O
capitalismo divide o mundo em ricos e pobres e o comunismo (tal como o
islamismo) divide o mundo em duas falanges: os de dentro a defender e os de
fora a combater-se (símbolo do punho serrado!).
Neste sentido não há bons
socialistas nem bons capitalistas; numa sociedade de transição precisaríamos de
sociocapitalistas ao serviço de todos, sem que em nome do todo se domine a
parte nem em nome da parte se domine o todo.
No meio de muita gente bem-intencionada,
observa-se uma certa disfuncionalidade pelo facto das suas energias serem ordenadas
por uma ideia confusa que conduz a um sincretismo que no fim se revela anárquico.
Em causa não deveria estar o
serviço a uma ideologia ou confissão, mas sim a salvação da pessoa e do povo,
nele e por ele mesmo. Isto só será possível mediante uma mudança radical de
mentalidades e uma nova reflexão sobre indivíduo e sociedade que reconheça e
integre os polos opostos. Uma estratégia
política que divida o povo, para legitimar uma tentativa de solução social à
direita ou à esquerda, impede o povo de andar em frente.
Os governantes, quer de esquerda
quer de direita têm de reconhecer as leis naturais que regem a economia e a
sociedade no sentido do bem comum digno para todos, doutro modo continuam a empobrecer
a sociedade e tornam a justiça arbitrária. A sabedoria do povo diz-nos que o ótimo
é inimigo do bom e a filosofia ensina-nos que a virtude se encontra no meio e
não nos polos. Nos polos concentra-se também a energia da violência.
O Comunismo, nos países onde governa,
costuma explicar a sua má administração com os «inimigos internos e externos», os
atacantes e os atacados; o inimigo externo é personificado no capitalismo dos
USA e o inimigo interno é personificado nas empresas do país… Por outro lado, o
turbo-capitalismo costuma justificar a injustiça social com o argumento da
liberdade e da concorrência estimuladora do mercado; assim justificam ambos a
lei do poder e do direito do mais forte. A observação da História pode
resumir-se no seguinte: enquanto o turbo-capitalismo faz os ricos mais ricos à
custa da energia de muitos pobres, o socialismo gera alguns funcionários poderosos
e ricos à custa, do adiamento até ao infinito, da esperança dos muitos
proletários e pobres.
O socialismo do século XXI,
depois do seu falhanço real e da repulsa popular na União Soviética, escolheu a
América Latina para seu novo campo de acção prática, usando, para tal, o método
da desestabilização social e económica e para a Europa optou pela implementação
de agendas anticultura europeia, a ser propagadas por ONGs e até pela ONU.
©António da
Cunha Duarte Justo