É um prazer ler e
meditar o poema “Nevoeiro” de Fernando Pessoa que coloco a seguir e que
retrata o estado da alma de Portugal, já há muito tempo enevoada e
triste. Não será o barulho do arraial nem o orgulho balofo de uma
população em fila a seguir o andor de um Estado confundido com a nação,
que ajudam Portugal. Portugal terá de ser mais que uma nuvem ou um
sentimento que passa.
“NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Valete, Fratres.”
Fernando Pessoa
Fernando
Pessoa bem avisa “É a hora!” Mas a hora de despertar não chega e no
escuro até os satélites brilham e como estes brilham demais, o povo não
vê mais. Irei ainda hoje elaborar esta ideia em poesia e coloca-la
amanhã aqui.
Obrigado pela vossa atenção.
António da Cunha Duarte JustoObrigado pela vossa atenção.
Pegadas do Espírito no Tempo
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