A TURQUIA USA A NATO PARA IMPEDIR
A FORMAÇÃO DO CURDISTÃO
Por António
Justo
Mais uma vez a Europa ajoelha
perante os interesses dos USA. A NATO na reunião de 28.07 conseguiu, mais uma
vez, iludir as massas europeias dando indirectamente carta-branca às aspirações
de Erdogan que se quer aproveitar da situação para se vingar na etnia curda que
aspira à formação de um Estado próprio.
Por
interesse próprio os USA apoiam a política turca, embora o governo turco tenha
sido conivente com as milícias rebeldes jihadistas sunitas do EI (“Estado
Islâmico”). De facto a Turquia tem servido de país de trânsito do terrorismo
jhiadista internacional para a Síria e Iraque. A Turquia não permitiu que as bases da NATO no seu país fossem
utilizadas para ataques ao terrorismo do EI. O presidente Erdogan anunciou pôr termo ao processo de paz com os
curdos precisamente no dia da reunião com os países da NATO. A Turquia não
quer negociações de paz com os curdos, prefere o uso da força e a conivência da
NATO sob a salvaguarda dos USA. A estratégia da Turquia é enfraquecer os curdos
que se têm distinguido na luta contra o Terror do EI e com isto ganhado trunfos
políticos internacionais para a causa da formação de um Estado curdo.
Os países da NATO ao dizerem-se
em “estrita solidariedade com a Turquia” apoiam indirectamente a política de
opressão turca contra os curdos e seguem a política hipócrita no Iraque e Síria
ao serviço das grandes potências e dos potentados locais que aspiram ao domínio
sobre a zona; uma forma para legitimar uma nova divisão do território.
A criação de
uma “zona de segurança” (90 km de comprimento por quarenta de largura) no terreno
sírio fronteiriço com a Turquia favorece sobretudo as intenções nacionais
turcas de retalhar a zona onde vivem os curdos e assim criar já obstáculos à
união curda do lado da Síria; além disso, mediante a transferência de refugiados acampados
na Turquia para a “zona de segurança” enfraquece o papel dos Curdos e cria, com
a ajuda internacional, situações factuais que impedem a posterior formação de
um estado curdo com território ininterrupto. (As potências internacionais comportam-se, fechando os olhos, à
semelhança do que fizeram em 1915 para que a Turquia pudesse perpetrar, à vontade,
o genocídio aos arménios). A Turquia não tem interesse que as milícias
curdas (YPG), aliadas da coligação internacional na luta contra as milícias
terroristas EI, conquistem mais território às milícias do EI. A pretexto de se
defender contra o EI, as tropas turcas bombardeiam posições do PKK até em
terreno turco enfraquecendo também os curdos do Iraque e da Síria. Segundo
relatórios de observadores internacionais, as forças aéreas turcas atacam mais
os activistas curdos do PKK do que os terroristas do EI.
Nos
últimos dias a Turquia aprisionou 1.3000 suspeitos de terrorismo de grupos de
esquerda, de curdos e das milícias “Estado Islâmico”. Os USA designaram os
ataques contra o partido dos trabalhadores curdos (PKK) como ofensivas de
autodefesa. A
Turquia tem 15 milhões de curdos, o que corresponde a 19% do
total da população. Os curdos, na Turquia não têm direito ao ensino oficial da
própria língua. O território correspondente à etnia curda espalha-se por vários
estados sob ocupação de potências que não respeitam a sua autonomia.
Conclusão
A Turquia está interessada na destruição do governo Sírio e na separação
das organizações curdas YPG e PKK para inviabilizar a concretização
da velha exigência da formação de um Estado curdo. A NATO é
usada como cortina de fumo para que a Turquia vá criando situações de facto que
a favoreçam nas conversações do período pós-guerra. Os USA não abdicam da série
de erros iniciados no Afeganistão, Iraque e continuados no norte de África. Destrói-se
uma das nações mais desenvolvidas, a Síria, em favor de interesses e intrigas
religiosas entre a força sunita (turca) e xiita (iraniana) e a favor dos
interesses americanos e aliados contra os interesses russos na região.
António da Cunha Duarte Justo
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