Emigrantes usados como Programa de Ajuda ao
Desenvolvimento do país
Por António Justo
António Costa, nas celebrações do dia de Camões, incitou os professores
portugueses desempregados a emigrar. Repete assim em Paris o convite que Passos
Coelho tinha feito em 2011 aos professores sem emprego. Deste modo tenta
evacuar também os professores obrigados a sair do Ensino Privado.
Em nome da difusão da língua, faz-se passar como nobre um apelo que não
passa de um testemunho de incompetência do Estado português que
tradicionalmente não consegue dar resposta às necessidades dos seus cidadãos
dentro do próprio país.
Torna-se ainda mais doloroso para a alma portuguesa ver que são convidadas
a sair pessoas que tanto investiram na formação e que, em Portugal,
contribuiriam para a elevação social portuguesa.
O mesmo Estado que não investe no fomento e rejuvenescimento da demografia
nacional tem a falsidade de justificar a saída de portugueses jovens com o
argumento do défice demográfico português (falta de crianças). Por outro lado
devem os nossos jovens ir rejuvenescer e enriquecer outros países que para isso
recorrem da imigração, preferencialmente, de pessoas formadas. Os países ricos
compensam o défice demográfico com o fomento de imigração qualificada e países
da periferia, como Portugal, envia os seus formados e sujeita-se a receber
imigrantes que tem de formar! Quando estará Portugal disposto a acordar?
Outrora tudo se levantou em coro contra a atitude reprovável do antigo
primeiro-ministro. Hoje que o primeiro-ministro pertence ao outro quadrante
político e faz o mesmo apelo já a imprensa portuguesa se mantem moderada e até
ousada ao querer considerar não oportunas as opiniões críticas independentes. A
diferença: António Costa tem razão pelo facto de ser do outro quadrante
político.
O cinismo é de tal modo exuberado que querem passar a impressão de fomentarem
assim o ensino de Português no estrangeiro, quando a política desde 1989 tem
sido no sentido contrário. Já nos anos 80 eu lutava para que as associações
portuguesas no estrangeiro fossem incrementadas através do Estado no sentido de
estas criarem cursos de português em regiões não centrais criando assim a
possibilidade de emprego para professores e outros implementadores de negócios
e cultura nas associações, mas tudo isto era visto como abstruso.
Conversa, muita conversa é o que o Estado tem oferecido aos emigrantes e a
muitos dos seus representantes que se contentam e alegram com o calor da
proximidade de políticos nos encontros com eles.
Agora, a política parece esfregar as mãos por cada português que sai: é
mais um a enviar remessas para a administração portuguesa poder gastar e é
menos uma pessoa crítica em Portugal a protestar.
Deste modo as nossas elites
continuam a adiar refinadamente Portugal, abusando dos emigrantes como programa
de ajuda ao desenvolvimento do país enquanto o Estado continua sem emenda
transformado em rampa de lançamento para os boys que o povo tem de alimentar.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo http://antonio-justo.eu/?p=3671
Outro texto
relativo ao tema:
Antigamente
a Escravidão, hoje a Emigração
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