Antes vivíamos todos unidos; terra e povo fazíamos todos parte do mesmo habitat. Vivia-se com menos conforto material, mas talvez com mais consolo espiritual. Agora querem fazer de todos nós astronautas a caminho de um universo virtual já ocupado por galáxias e estrelas e sem lugar para nós!
Com o iluminismo levantamos voo fazendo do coração combustível para mais subir num intelecto cada vez mais sacudido pelos areais de ideologias desérticas. A vida começa a destilar-se dos baixios do povo para os lugares altos. Com a revolução industrial e a consequente afirmação da polis desapareceram as clareiras da natureza onde poderíamos aterrar.
Desligamos o pensamento do coração para vivermos como as aves de rapina nos lugares altos da atmosfera. Perdemos o contacto com a nossa alma e corpo, com a natureza, para podermos viver na secura do mundo das ideias, na ilusão de que para viver bastaria só pensar.
Deste modo roubamos a alma à terra e ao homem para, ao materializá-la, a podermos explorar sem escrúpulos porque a desconhecemos.
A Terra e o humano não vivem sós, todos fazemos parte da nave espacial a que degradamos a Terra ao degradarmo-nos a nós.
Antes a vida era oleada pela esperança. Agora vivemos sempre à espera, sempre em standby, sem tempo nem lugar para a esperança, a esperança de amar e ser amados!
António CD Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8625
Bom fim de semana
PS. Não me condenem por me dedicar mais à reflexão. A natureza precisa de todos, precisa de quem dance a vida e de quem a observe, numa orquestra de um viver em abundância e sintonia vamos todos, cada um à sua maneira dando braços à vida, num abraço de confraternização!
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