A ALEMANHA DECIDIU RENDER-SE ENTREGANDO ARMAS PESADAS À UCRÂNIA
O Parlamento alemão ao dizer sim à entrega de armas pesadas à Ucrânia (28.04.2022: 586 votos a favor, 100 contra e 7 abstenções), passa a fortalecer os interesses americanos contra os próprios. Esta decisão é mais um sinal da subserviência alemã (política e militarmente ocupada pelos USA) e com ela a subjugação da restante Europa ao sistema de dominação anglo-saxónico! Este encontra-se estrebuchando nas fronteiras com a Rússia por se continuar a orientar por velhas doutrinas do divide para imperar e da subjugação financeira ligada ao dólar! O boicote económico à Rússia iniciou um movimento trágico, mas libertador da subjugação ao dólar! De desejar seria que esta crise na Ucrânia possa ocasionar uma viragem histórica (nova ordem mundial) em que a Europa possa assumir uma política de paz através de uma Alemanha irmanada com a Rússia!
A população europeia encontra-se dividida nos que com os USA (maioria) apostam na guerra na Ucrânia e nos que são contra a guerra e defendem uma Europa com identidade própria e contra a hegemonia unipolar americana!
A Alemanha tem sido sobretudo um colosso económico-financeiro com interesses diversificados e como tal habituada a jogar em todo o mundo e de maneira especial na EU. A guerra na Ucrânia revela-se numa catástrofe para a economia da Alemanha que se afirmava em concorrência com a dos EUA. Os EUA ao levarem a efeito a cartada político-militar concretizada na Ucrânia e ao obterem o apoio incondicional dos novos países da OTAN conseguiram quebrar a força do gigante da economia europeia. O facto de os EUA estarem a ganhar a guerra da informação na Europa deve-se também ao seu direcionado trabalho na Ucrânia e em países como Polónia e outros que, nos últimos anos, se iam afirmando contra certas medidas da EU. Os EUA conseguiram um papel regulador dos acontecimentos na EU e ao mesmo tempo desligar a Europa da Rússia para manterem a supremacia económico-militar no mundo! Enquanto os tecnocratas da EU se perdiam em contendas sobre valores e princípios do estado de direito com os seus novos membros, os EUA apoiavam-nos no sentido de uma política militar anti Rússia e de distanciamento da EU! Numa palavra: enquanto a EU se perdia em discussões ideológicas a potência anglo-saxónica aproveitava-se das fraquezas da EU no seu sentido de domínio geoestratégico. Enquanto os europeus lutavam por valores os EUA lutavam pelo poder.
Com a precipitação dos acontecimentos na Ucrânia, a Alemanha não teve outro remédio senão ceder à pressão da EU/OTAN, embora o povo alemão se não se encontre convencido, o que se pode antever das hesitações do seu chanceler. A Alemanha teve que ceder à pressão dos parceiros da OTAN enfraquecendo-se assim substancialmente; uma Alemanha enfraquecida significa também uma Europa mais dependente e com o tempo vencida! Com as sanções económicas a Alemanha será na EU quem mais perde; este terá sido o maior erro dos USA e da EU que antecipará o fim do domínio anglo-saxónico. Com a decisão do Bundestag a Alemanha acedeu aos tecnocratas da EU/OTAN e dá sinal de prontidão para ceder a precedência da Europa aos EUA que se afirmam através da política da OTAN.
A Alemanha está na iminência de se tornar numa parte beligerante na guerra ucraniana (advertem os partidos Esquerda e AfD e uma Alemanha para quem o legado cultural europeu ainda conta); provisoriamente será dos países da EU que mais prejudicados serão com o conflito; as dúvidas que a Alemanha apresentava para não ser envolvida definitivamente com a Europa na guerra dos USA contra a Rússia não foram tidas em conta pelo resto da Europa; a opinião pública, desde a invasão russa tem sido preparada no sentido de “legitimarem popularmente” a Nato a entrar directamnte na guerra. Com este gesto, a Alemanha coloca toda a Europa nas mãos dos interesses anglo-saxónicos. A longo prazo, isto significa que a Europa se trai a si mesma e além disso será envolvida nos futuros conflitos dos EUA contra a China.
Enquanto o Parlamento alemão confirmava, com o seu voto, os resultados da propaganda popular levada a efeito pela imprensa ligada aos interesses dos USA, o Chanceler alemão (Olaf Scholz) viajou para o Japão para avisar a China que não se aproveite da situação. Da Rússia a reação aos resultados do parlamento alemão foi, isto „vai acabar de maneira triste"!
As perspectivas são péssimas para a Europa. Com esta guerra os EUA conseguiram alcançar os seus objectivos de enfraquecerem a Rússia, subjugar a Europa, fortalecer o Dólar e garantir imediatamente fabulosas encomendas para a indústria americana!
Em política só valem os interesses dos mais fortes, o resto é apenas música de acompanhamento para os legitimar! Quem não compreendeu isto ainda não acordou para a realidade político-económico-social, ficando destinado a contentar-se com os améns das próprias opiniões frisadas! Quem quer poder alinha-se aos poderosos; isso acontece em política e no mundo do trabalho! Neste mundo, o oportunismo é lei!...
Sabe-se que mais armas criam mais conflitos, mas na guerra, como se pode ver, trata-se apenas de ganhar, as pessoas não interessam.
É chocante como os tempos e as opiniões da sociedade mudam. Os verdes, antes pombas da paz transformaram-se em falcões. Os chamados representantes do povo que costumavam dizer "não a armas para zonas de guerra", "nunca mais guerra" mentiram-nos.
"Eu costumava pensar que todos eram contra a guerra, até descobrir que havia quem fosse a favor. Especialmente aqueles que não têm de ir”, constatava Etrich Maria Remarque
A grande mentira que nos é impingida é espalhar-se a ideia de que os ucranianos combatem por valores ocidentais. Os interesses das grandes potências não se interessam por valores nem por moral; para eles isso é coisa para o povo! Em nome de valores vendem a sua guerra.
O recibo virá mais tarde. Para a classe política um alívio porque assim poderão vender a sua incompetência de uma política baseada em dívidas como consequência da guerra.
A Guerra geoestratégica (imperialismos) entre os USA e a Rússia revela-se uma Catástrofe para a Europa (1). Será criada uma nova ordem mundial, ficando o Ocidente de um lado e a Rússia e China do outro! Dado passarmos a não usufruir tão facilmente dos produtos baratos da China e das matérias primas baratas da Rússia, todo o cidadão terá de começar a viver mais modicamente!
Os EUA ao apostarem com Selensky na intensificação da guerra impediram que a Alemanha e a EU negociassem com a Rússia, numa de compromisso conciliador; deste modo contribuem para que a Ucrânia seja dividida e a Europa enfraquecida!
A Europa corre o perigo de se tornar meramente dominada pelo espírito anglo-saxónico; seria de esperar dela conseguir uma inclusão equilibrado das mentalidades anglo-saxónica, nórdica e latina! O espírito latino tem sido menosprezado, também na EU. É de esperar que depois do conflito na Ucrânia a Europa, após um curto período de horror volte a si para poder iniciar uma era da paz no mundo!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7381