Quanto recebe do Estado um Refugiado na Alemanha
Por António Justo
A distinção entre “refugiados” da pobreza e refugiados da perseguição ou da
discriminação é mais uma questão burocrática. Com a discussão na Alemanha sobre
a diferenciação entre quem tem direito ou não a estatuto de refugiado político só
se espalha ainda mais a confusão e torna-se num motivo de desculpa para
políticos que se surpreendem dos resultados da sua acção política ou para
conversas de café. Muitos dos refugiados do Kosovo e da Albânia e muitos outros
da África fogem à pobreza ou à dureza da lei islâmica. De facto a Lei alemã, de
benefícios mensais para requerentes de asilo corresponde ao ordenado mensal de
um polícia no Kosovo e na Albânia: 359 euros
Segundo a lei alemão cada exilado
tem direito a habitação gratuita, apoio em caso de doença e a 359 euros por mês
para viver enquanto residirem em instalações de recepção inicial do Estado. Neste
caso, da quantia 359 euros, 143 têm de ser dados em dinheiro (dinheiro de bolso
para as necessidades pessoais) ao requerente de asilo, o respo pode ser entregue
em dinheiro, em géneros ou em senhas. No caso de casais, cada parceiro recebe
129 euros mensais e se tiver outros familiares a viver com eles, recebe cada um
deles 113€, se forem crianças recebem entre 85 e 92 euros. Quando deixam de
viver nas instalações de recepção do Estado as entidades locais assumem os
custos de habitação e pagam 216 euros para agregados com uma só pessoa; crianças
e outros membros do agregado familiar recebem entre 133 € e 194 € cada.
Os refugiados que se encontrem na
Alemanha passam depois de 15 meses a receber 392 €, isto é o correspondente aos
benefícios sociais ao nível da assistência social, dos alemães.
Segundo as estatísticas alemãs, de Janeiro até 30 de Junho de 2015, foram feitos
159.927 pedidos iniciais de asilo que se distribuem pelos seguintes países de
origem: 32.472 (o que corresponde a 20,3%) da Síria e da República Árabe,
28.672 (17,9%) vêm do Kosovo, 21.806 (13,6%) da Albânia, 10.126 (6,3%) da Sérvia,
8.331 (5,r%) do Iraque, 7.932 (5,0%) do Afeganistão, 4.182 (2,6%) da Macedónia,
3.582 (2,2%) da Eritreia, 2.805 (1,8%) da Nigéria, 2.701 (1,7%) do Paquistão e 37.318
(23,4%) de outros países. (Cf: https://www.bamf.de/SharedDocs/Anlagen/DE/Downloads/Infothek/Statistik/Asyl/statistik-anlage-teil-4-aktuelle-zahlen-zu-asyl.pdf?__blob=publicationFile)
Atendendo ao agravar-se da situação,
os estados alemães avaliam, até ao final de 2015, entre 300.000 e 550.000 o número
de requerentes a asilo na Alemanha.
Um refugiado do Kosovo ou da Síria não pode ser discriminado, devido à
dignidade humana, independentemente se o movem motivos de ser perseguido ou de
mera pobreza.
Como se vê os pretendentes ao direito de refugiados têm, a nível económico,
no máximo o estatuto de pobres na Alemanha. Muitos deles para poderem chegar
até cá, têm de pagar vários milhares de euros a transportadores ilegais, pondo
a sua vista em risco como se constata pelas mortes no Mediterrâneo.
Na verdade o nosso bem-estar na Europa e na América do Norte começa a ter o
seu preço directo pois tem havido muita gente que se priva para que possamos
viver melhor.
A ajuda aos refugiados é uma correspondente compensação ao que ontem
aconteceu e hoje acontece nas regiões da sua proveniência. Como o euro não chega
a eles então eles têm de se chegar a ele. Atrás de si ficam cidades e aldeias
onde o bem-estar não chegou.
Os políticos europeus chegaram ao
fim do seu latim depois de tanta guerra-guerrilha que, directa ou
indirectamente, fizeram ou apoiaram com os Americanos, desde o Afeganistão,
Iraque, Líbia, Síria, até à Sérvia e à Ucrânia e o povo sente-se agora
desconsolado. Agora já é tarde para se queixarem da chegada de tantos
refugiados da barbaridade e da miséria.
O facto é que quem faz o negócio
com as armas não pode ficar ileso; porém para fugirem com o rabo à seringa,
falam da necessidade de uma distribuição “solidária” dos que procuram asilo por
toda a Europa, quando apenas alguns países espalham a miséria naquelas regiões através
das armas que vendem e do dinheiro que suas firmas ganham depois com a reconstrução
dos países destruídos.
Com a vinda de tanta gente jovem para a Europa com a população tão
envelhecida, o dinheiro que agora emprega nos refugiados é um empreendimento de
rejuvenescimento. O único problema virá dos muçulmanos, não como indivíduos mas
como grupo que, de uma maneira geral, não se tem integrado, tendo marcado a sua
presença mais pela contra-afirmação em relação à cultura acolhedora. Só na
Alemanha foram presos 1.500 traficantes de refugiados em 2015.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
In Pegadas do Tempo
www.antonio-justo.eu
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