António Justo
O Papa Francisco, não tem medo de
missões desagradáveis. A sua viagem, à região de Calábria, bastião da
criminalidade organizada da Itália, demonstra coragem. No sul da Itália
encontram-se radicadas as grandes organizações da Mafia: Cosa Nostra, Camorra e
Ndrangheta.
O papa visitou a prisão de
Castrovillari onde se encontram os familiares de uma criança de três anos
(Cocó), que nascida na prisão, tinha sido assassinada em Janeiro com o avô e
sua parceira em acto de vingança entre grupos mafiosos. Em Março, o Papa já
tinha recebido em audiência, 900 familiares de vítimas da Mafia.
Na boca do lobo,
o pontífice Francisco confronta os grupos mafiosos e as estruturas sociais que
os apoiam dizendo: „Aqueles que escolhem o falso caminho, como os mafiosos, não
se encontram em comunhão com Deus. São excomungados.“ Como “seguidores do mal”
não podem pertencer à Igreja Católica.
Na missa perante mais de 100.000
fiéis, o Papa referiu-se directamente à Ndrangheta, uma das organizações da
mafia com 7.000 membros que inclui cerca de 90 clãs ou quadrilhas organizadas
familiarmente.
O Santo Padre
adverte: “Quando a admiração por Deus é substituída pela admiração do dinheiro,
então abre-se a estrada do pecado, do próprio interesse e da repressão”. “A
Ndrangheta é exactamente isso – a admiração do mal, o desprezo do bem-comum.
Contra este mal tem de se combater.”
A Ndrangheta tem um volume de
negócios anual avaliado em € 53 bilhões ou seja, 2,7 % do PIB italiano),
proveniente, sobretudo, do negócio com drogas (80% da cocaína da Europa passa
pelo porto calabrês de Gioia) e armas, descarte de resíduos ilegais, prostituição, tráfico de seres
humanos, lavagem de dinheiros e extorsões. A organização mafiosa Ndrangheta
está activa não só na Itália mas também no norte da Europa, na américa latina,
nos USA, etc.
António da Cunha
Duarte Justo
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