Alemanha lidera mais de Metade dos Sectores industriais do Mundo
A Inveja afirma-se contra os Alemães
António Justo
Não
há nação no mundo que produza tantas empresas de topo como a Alemanha. O
segredo está no facto de as suas firmas conseguirem unir tradição com
inovação e de se manterem, em grande parte, nas mãos de famílias. As
empresas são continuadas no espírito pioneiro das famílias que as
fundaram sendo, ao mesmo tempo, tidas como história e com um pedaço de
cultura da região donde provêm. Nelas se pode ver uma parte da
radiografia da alma alemã, uma alma que que vive da floresta mas na
procura do sol. A tradição garante alta qualidade, sempre acompanhada
por tecnologia inovadora do futuro. Actualmente esta tradição
encontra-se ameaçada pela pressão internacional, apenas interessada na
ganância do lucro, que, no processo global e europeizante, obriga as
firmas alemãs a incluírem nelas o cavalo de Tróia accionista, com os
especuladores internacionais.
A revista económica alemã
“manager magazine” fez um estudo acurado sobre 1.000 firmas alemãs
líderes de mercado mundial. Segundo o gráfico da revista, a Alemanha
lidera no mundo o maior número de sectores industriais (cf. Manager
magazine 10/10). Assim, a Alemanha tem 27 indústrias com uma quota de
exportação de 41%, enquanto os USA têm 21 com 11%, a China 19 com 25%, o
Japão 10 com 13%, a Inglaterra 6 com 28%, a Itália 5 com 24% e a França
4 com 23%.
A “manager magazin” apresenta como
critérios de sucesso dos alemães: a presença no mercado, suficiente
experiência (qualidade testada) e produção em massa. Faltou-lhe referir o
horizonte que tudo isto possibilita, ou seja, o caracter/identidade
civil alemão que não se define apenas pelo ego individual mas também
pelo nós comunitário.
Favorece-os o facto de estarem presentes há muito tempo no mercado, como demonstram, por exemplo, o grupo BASF (1865) e Siemens.
Não estão presentes no estrangeiro apenas com os produtos técnicos mas
também com as suas instalações e fábricas. Vários Estados alemães estão
presentes na China, com as suas fábricas e instituições culturais, desde
o início da industrialização chinesa. Entre os Estados alemães
(regiões) nota-se também uma necessidade de presença e competição
colectiva. Um alemão sente-se simultaneamente como indivíduo tornado
pessoa, trazendo consigo também a aldeia donde vem, a região, a nação e o
mundo a que pertence. (O latino, se mais complexado, nega a província
de que se envergonha!).
Um outro factor em benefício dos alemães está em experimentarem suficientemente o produto
antes de o passarem a comercializar e a exportar(made in Germany). As
deficiências são corrigidas e pagas pela experimentação a nível
nacional.
A economia alemã provém duma tradição de base
familiar incardinada no meio e portanto com uma sensibilidade especial
para o bem-comum. A honra do alemão não se revela apenas no carro que
conduz e na casa que tem para mostrar mas também na sua presença
cultural no meio onde se situa. Cerca de 70% dos líderes alemães do
mercado mundial, encontram-se em famílias. Uma família ao planear o seu
investimento e os produtos pensa em termos de gerações, tem uma
consciência de sustentabilidade, ao contrário de muitos concorrentes
estrangeiros que só pensam no lucro imediato da venda do produto.
Os produtos em massa
são aferidos às necessidades dos clientes. Os alemães são pessoas
enraizadas na natureza, daí a sua simplicidade e até ingenuidade
natural. São trabalhadores, correctos e disciplinados, como pude
constatar em 35 anos de observação directa a nível individual e social.
Neste
sentido, passo a citar uma sentença popular alemã que revela parte da
sua alma maternal e da sua sabedoria: "Am deutschen Wesen soll die Welt
genesen" e que traduzo: "O mundo deve-se recuperar no espírito alemão”
(“No espírito alemão é curado o mundo").
A sua
vantagem está em antecipar-se tecnicamente. Num mundo de cigarras
continuam a querer ser formigas! Vão sempre um passo à frente nas
tecnologias porque aplicam grandes capitais na investigação científica e
têm um grande mercado interno onde os podem testar. Um exemplo: Há mais
de 20 anos o Estado alemão fomentou a investigação e o consumo da
energia solar voltaica, tornando-se assim tecnologicamente campeã (SMA)
neste sector a nível mundial. A Universidade de Kassel donde saíram os
criadores (da SMA) está incardinada na região sendo um dos seus
importantes motores de progresso económico. (Modelo de regionalismo e
inserção no meio, o que é comum na Alemanha).
Mais de um milhão de alemãs violadas
Na
Alemanha do pós-guerra chegou a haver pessoas que morreram à fome.
Pessoas mais velhas deixavam de comer para as crianças não morrerem de
fome. A terra, no Inverno, era tão dura (-15 graus) que não se podiam
enterrar os mortos. Faltava até a madeira para as pessoas se aquecerem.
As famílias viam-se obrigadas a tirar as cercas de madeira dos seus
jardins para se poderem aquecer. 50% das habitações tinham sido
destruídas pela guerra.
As mulheres foram as grandes
heroínas do pós-guerra. Mais dum milhão de alemãs tinham sido violadas
pelos soldados russos; os filhos, os noivos e os maridos tinham morrido
na guerra ou ficado em campos de trabalho prisões. Para dominar tanta
dor, o povo, que em grande parte não estava ao corrente das atrocidades
do sistema de Hitler, lança-se ao trabalho de reconstruir a Alemanha. Em
poucos anos conseguiram colocar o país à altura de muitos imigrantes
poderem ver nele chances de melhoramento da própria condição.
Por
este mundo fora, encontra-se muito boa gente, muito mal informada e
desconhecedora do caracter alemão, preferindo viver na inércia do
preconceito cómodo. A ignorância leva-a a reduzir a imagem do alemão a um ser de botas militares ou de calças de couro.
O espírito de trabalho do alemão e a sua disciplina levam-no a ser mais
eficiente que outros povos, a nível de produção. O seu porte
disciplinado pode dar a impressão de soldado. Tem muito de comum com os
portugueses (herança talvez goda, só que aos portugueses falta a
disciplina). Emigram com as suas fábricas e instalações, levando com
eles a natureza, tornando-se num enriquecimento das terras para onde
emigram e instalam as suas fábricas; tornam-se em verdadeiros
promotores dos autóctones. Orientam as suas firmas como os políticos
orientam o Estado. A sua presença tem uma influência muito benéfica nos
países onde se instalam.
A inveja, o comodismo e o medo da concorrência podem muito. Tal
como na fábula da Cigarra e da Formiga, deparamo-nos com mundos
diferentes e de hábitos diversos que se confrontam e vivem, muitas
vezes, da meia informação. Uma avaliação da realidade é sempre polémica,
se vista pelos olhos da cigarra ou pelos da formiga.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
www.antonio-justo.eu
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
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