Não se perde nada por se procurar saber
Por António Justo
O coronavírus
proporciona um grande avanço na medicina molecular, com a criação da nova
vacina que implica uma nova forma de interferência no nosso organismo. A
vacinação Covid-19 dá às células do nosso corpo a ordem de produzirem uma
proteína e, deste modo, o poder de controlar o que acontece nas células de uma
forma orientada. Este esforço universal abre possibilidades sem precedentes na
medicina (possibilita não só a defesa contra o vírus, mas também novos caminhos
na medicina contra o cancro).
Com isto, a
investigação global em torno do Covid-19 possibilita
à biotecnologia um salto quântico na medicina.
A concentração na
vacina levou, por outro lado, a
indústria farmacêutica a descurar processos medicinais tradicionais de resposta
à doença.
É um facto que todas
as vacinas têm efeitos colaterais e, com as vacinas Covid-19, o próprio
organismo é levado a produzir componentes proteicos geneticamente modificados
para a resposta imune.
Atendendo à rapidez da criação da vacina, talvez
não seja aconselhável a pessoas habituadas a pesar bem os riscos, colocar-se
nos primeiros lugares da fila para receberem a vacina. De facto, não foram suficientemente observadas as
normas de segurança habituais para que as vacinas fossem permitidas; não se
fale já dos interesses financeiros das diferentes indústrias farmacêuticas
(ligadas a interesses nacionais concorrentes) interessadas em entrar no
mercado.
Desta vez passou
a haver Natal para as animais cobaias (ratos, ratazanas, etc.) dado agora
passaram as pessoas a serem, em parte, as cobaias porque a vacina adquirida se
abstém dos costumados e morosos exames preventivos à vacina em animais!
De facto, é ainda
demasiado cedo para ser possível testar os efeitos negativos da vacina. E estas
são vacinas inovadoras na medicina humana.
Na ponderação
sobre a nova vacina há naturalmente riscos a ponderar e medos espontâneos a
superar.
Os inícios da
vacinação remontam à Inglaterra, onde em 1796 o médico Jenner vacinou um rapaz com
o pus de uma vaca doente. O rapaz tinha contraído a varíola ao tirar o leite às
vacas.
Após uma pequena
reacção à vacinação, o rapaz curou-se da varíola. Mais tarde o médico vacinou o
rapaz com o pus de uma pessoa com varíola. Verificou que a criança permaneceu
saudável, porque o seu sistema imunitário tinha formado defesas contra a
varíola. A partir daí adotou-se o termo científico de vacinação, que tem
a origem no termo latino vacca, para
designar o acto destinado a gerar imunidade contra uma doença (bacterial ou
viral) estimulando a produção de anticorpos.
Na altura
surgiram as naturais controvérsias entre defensores e opositores da vacina.
Entre estes chegou a correr o boato de que uma criança vacinada passou a andar
como os animais de quatro patas e a dar turras com a cabeça, como um touro!
O virologista
Prof. Stephan Becker da Universidade de Marburgo disse na televisão ZDF que os
cientistas nada sabem sobre as novas vacinas, mas que o perfil de efeitos
secundários foi observado.
Tanto defensores
como críticos da vacinação devem ser ouvidos, na consciência, porém, que há
problemas que não se podem resolver. Nesta
estratégia de vacinação não é possível ser-se prudente nem ponderado, se
tivermos em conta os efeitos de confinamentos exagerados, as doenças
psicológicas em processo nas pessoas isoladas e a angústia em que vivem a
economia e a cultura.
Numa sociedade de cultura para a paz será de
aceitar-se a ambivalência como liberdade de não ter, necessariamente, de se
comprometer.
A coexistência de
desejos, sentimentos e pensamentos contraditórios e simultâneos numa mesma
pessoa, sociedade e filosofia conduzem naturalmente a tensões internas. A
capacidade de aguentar essas tensões com calma e humor será cada vez mais
importante numa sociedade que se pretenda mais humana.
António da Cunha
Duarte Justo