ATE À VISTA NO ALÉM
Por António Justo
A experiência da quase-morte (ou EQM) e do
depois-morte (EDM) são uma constante histórica testemunhada nas diferentes
culturas. No evangelho de Marcos, capítulo nove, é narrada a experiência do
depois da morte, uma nova maneira de ser para além do estar, e na segunda carta
aos corintos, capítulo 12, Paulo descreve a experiência da quase-morte, isto é
uma experiência fora do corpo em que a consciência (alma) se revela sem limites
por participar da infinidade divina.
A morte não tem a última palavra a dizer, como
se vai constatando também na investigação científica que cada vez mais se
dedica ao estudo dos fenómenos em torno da morte. A experiência, com moribundos
ou com pacientes em coma, motivou médicos e outros cientistas a investigar as causas e o significado desses fenómenos:
presença de um "ser de luz", "emancipação da
alma", "experiência fora do corpo",
"desdobramento espiritual", “contacto com o além”, “aparelhos
imobilizados”, etc..
A crença materialista
científica, das ideologias do século XIX, agora também posta em dúvida pela
física quântica, começa a abandonar as cercas da sua certeza para admirar o que
se estende para lá delas. Perante o resultado de estudos feitos vão
deixando de se fixar na qualificação de tais fenómenos apenas como alucinações
causadas pela falta de oxigénio no cérebro. No passado, muitos cientistas
tinham medo de manifestar as suas experiências para não serem ridicularizados
ou para serem conformes ao credo da ciência materialista. Charles Chaplin dizia
“Não creio em nada e de nada descreio. O que concebe a imaginação aproxima-nos
tanto da verdade como o que pode provar a matemática”! De facto, a experiência
do inefável (Deus) deixa de crer para saber, sem poder provar a vivência porque
é acontecer.
A consciência do ser humano existe
independentemente do cérebro
Segundo a visão materialista, com a morte
cerebral deveria morrer a consciência de ser. Muitos cientistas da medicina e
da biologia chegam agora à conclusão que a consciência humana não se extingue
com o apagar-se do corpo mas que continua a existir.
Raymond A. Moody, psiquiatra e filósofo
investigou sistematicamente o que acontece depois da morte clínica; o mesmo se
diga da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross e de muitos outros. Eben Alexander
descreve agora o que experimentou depois do cérebro deixar de funcionar. Uma
experiência que pode tornar-se numa luz para quem só está habituado a avistar a
matéria.
Eben Alexander, especialista do cérebro, esteve
7 dias em profundo coma com uma grave meningite bacteriana com uma chance de
sobrevivência de 3% mas apenas como gravemente incapacitado. Sem funções
cerebrais activas teve, apesar disso, a experiência extracorporal de uma
consciência sem limites (Livro “Prova do Céu“). Neste estádio encontrou
também familiares desconhecidos que depois veio a conhecer e familiares
falecidos e amigos. Passados sete dias aconteceu o impossível na medicina: o
neurobiólogo regressou da visagem com novas forças e experiências. Eben Alexander teve a experiência de que a consciência
humana existe independentemente do cérebro.
Não há que ter medos. Deus é maior que as nossas
morais aritméticas e do que os nossos conceitos e ideias de justiça. No fundo
do túnel escuro a luz brilha em ti para te incrementar o sentimento de
segurança, amor e felicidade, o antes e o depois num presente eterno.
Conclusões possíveis de tirar com base também nas novas investigações: pensar
a vida a partir do fim, a partir do nós, do outro. A morte só é uma estacão, no
caminho para Deus, onde a infinidade eterna se torna o espaço da nova
consciência.
O amor é o laço que une para lá da morte e que permanece na nova maneira de
ser para lá das finitudes temporais. O amor é o folgo de Deus em tudo e em
todos, a relação que mantém também o cosmos.
António da
Cunha Duarte Justo
Teólogo
Pegadas do
Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=3953